quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

As Gramáticas da Língua Falada versus Língua EscritaUm estudo de abordagem multicultural e de cunho poético e de investigações, com reflexões acerca da real possibilidade de se fazer nascer uma pedagogia dialógica de matiz poiética, sob a linha educacional da educação sociocomunitária no processo ensino/aprendizagem da Língua Portuguesa, seguindo os atuais Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) nos Ensinos Fundamental e Médio.

As Gramáticas da Língua Falada versus Língua Escrita : Um estudo de abordagem multicultural e de cunho poético e de investigações, com reflexões acerca da real possibilidade de se fazer nascer uma pedagogia dialógica de matiz poiética, sob a linha educacional da educação sociocomunitária no processo ensino/aprendizagem da Língua Portuguesa, seguindo os atuais Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) nos Ensinos Fundamental e Médio



Gostaria de compartilhar o início de minha Dissertação de Mestrado que estou quase finalizando. Repasso somente o abstract da mesma e o primeiro capítulo.

RESUMO:

O objetivo deste trabalho é discutir como, no processo ensino/aprendizagem, preconizado pelas atuais políticas públicas educacionais brasileiras, através dos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais), entre língua falada e língua escrita, que, mesmo sugerindo que a ênfase deveria ser pela primeira, constata-se que a preferência nas escolas e sistema educacional é pelo ensino da segunda, através da Gramática Tradicional (GT). Por meio de um levantamento bibliográfico, assim como de pesquisa qualitativa com base na Pesquisa Participante, utilizando-se como instrumentos de coleta de dados entrevistas e questionários - atinentes ao tema – língua falada e língua escrita – procurar-se-á levantar hipóteses das razões ideológicas que levam a esta preferência. Este tema é instigante, por se viver em um mundo e escola pós-modernos, multiculturalistas, que devem priorizar e aceitar o diferente, fomentar a alteridade, e, neste estudo, a alteridade se consubstancia pelo falar diferente que os alunos trazem às escolas públicas, através de sua oralidade. Espera-se que a escola aceite as recomendações dos PCNs, ao partir para um ensino da língua materna, do falar trazido pela clientela popular ao interior da mesma, através da dialogicidade e do respeito pelo diferente e não haja preconceito linguístico. Espera-se, deste modo, ainda, que a ênfase não seja no ensino de um falar e de sua respectiva gramática(s) tido(s) como socialmente mais relevante, e que dispõe de um documento escolar oficial – a gramática tradicional (GT) - para chancelá-la, mas que seja no respeito e acolhimento pelo falar diferente.  Busca-se, em um primeiro momento, compor o trabalho com o referencial teórico bibliográfico e também interpretar os dados colhidos através da abordagem multicultural e de cunho poético e de investigações, com reflexões acerca da real possibilidade de se fazer nascer uma pedagogia dialógica de matiz poiética, sob a linha educacional da educação sociocomunitária no processo ensino/aprendizagem da Língua Portuguesa.

Palavras-chave: Linguagem – Educação Multicultural e Sociocomunitária – Oralidade – Pedagogia dialógica de matiz poiética.

ABSTRACT
The teacher´s work concerning to cultured language must be done through the PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) and with the aid of Oral Pedagogy, in the case they are teaching students who come to school with a non-valued language, i.e., they have to work with the language brought by students, in order to reach the  social valued language (standard language). It shouldn´t be forgotten that Language has the Culture of the people, of the populacional segments that attend its schools, mainly the public. Once the students who attend the public schools mainly, have the right to access the standard language, it is fundamental that the school points out the difference between the spoken language and the standard language. The school has to aim to Sociolinguistics in order to perform its role when teaching the mother language, taking into account the concepts of Multiculturalism and Empowerment.
Key-words: Language – Multicultural Education – Empowerment.

SUMÁRIO:
INTRODUÇÃO ................................................................................................11
1. UM ENCONTRO COMIGO MESMO: BUSCANDO NA MEMÓRIA AS
ESCOLHAS E CAMINHOS PESSOAIS E PROFISSIONAIS QUE ME
CONSTITUÍRAM   ..............................................................................................21
1.1. Breve Trajetória Pessoal    ...............................................................................22
1.2. Trajetória Acadêmica .....................................................................................24
1.3. Trajetória Profissional ....................................................................................26 
1.4. Considerações Finais do Memorial  ................................................................32
2.  A HEGEMONIA CULTURAL E O MULTICULTURALISMO  ........... 35
2.1. Hegemonia e contra-hegemonia cultural sob o enfoque de Antonio Gramsci..35
2.2. Hegemonia e violência simbólica linguística na Europa e no Brasil ................37
2.3. Multiculturalismo na educação pós-moderna – um antídoto contra a hegemonia  cultural/linguística?...................................................................................................41
3. CONCEITO DE LINGUAGEM E SUAS “GRAMÁTICAS” NO ENTORNO EDUCACIONAL  ................................................................................................ 46
3.1. Educação, Linguagem e alteridade ................................................................   49
3.2. Da história, indo ao encontro da linguagem, com o pensamento constelar de
 Walter Benjamin   ...................................................................................................65
3.2.1. O conceito de história e crítica do progresso – discutindo a questão
 da modernidade ........................................................................................................65
3.3. Pela história, penetrando na linguagem, com Mikhail Bakhtin  .........................
3.4. Na história, pela linguagem, indo ao encontro do sujeito, com Vygotksky  .......
3.5. A concepção de linguagem sob o prisma da fenomenologia de Merleau-Ponty  ....
4.  AS VÁRIAS GRAMÁTICAS NO ENTORNO ESCOLAR E OS PCNs: EXISTE O CONCEITO DE INTERACIONISMO LINGUÍSTICO SOCIAL NO CAMPO DA EDUCAÇÃO E DA LINGUAGEM PÓS-MODERNA ? .................................. 46
4.1. A abordagem Interacionista social no campo da Educação e da Linguagem - um sinal de oxigenação em uma escola pós-moderna . ..............................................          47
4.2. Uma possível travessia da prescrição gramatical à educação linguística?  .........
5. A DEFESA AGUERRIDA DA G.T. (Gramática Tradicional) E DA NORMA PADRÃO (NP) SEGUNDO DESTACADOS GRAMÁTICOS E DEFENSORES DO FALAR SEGUNDO A TRADIÇÃO LITERÁRIA
5.1 BARBOSA LIMA SOBRINHO ou a defesa da Língua e da Unidade Política do Brasil  ............................................................................................................................
5.2 EVANILDO BECHARA ou a defesa intransigente do ensino da língua culta contra  o liberalismo linguístico ..............................................................................................
5.3 PASQUALE CIPRO NETO ou a defesa da gramática pela gramática ...............
6. DA REAL POSSIBILIDADE DE SE FAZER NASCER UMA PEDAGOGIA DIALÓGICA DE MATIZ POIÉTICA (IVONNE BORDELOIS) ...................
6.1 À procura de uma ecologia da linguagem no contexto da violência simbólica que destrói a imaginação ..................................................................................................
6.2 O poder da escuta na mitologia clássica: O mito de Orfeu e Eurídice ..................
6.3 A relação tensa e conflituosa entre linguagem e cultura.......................................
6.4 O único saber continua sendo o saber das línguas ..............................................
6.5 Linguagem e Poesia, ou o mais perigoso dos bens.............................................
7. FOCANDO OS SUJEITOS DA PESQUISA: ESCUTA ATENTA DOS PROTAGONISTAS DO PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NO ENSINO DA LINGUA MATERNA (PROFESSORAS DE LÍNGUA PORTUGUESA DE UMA ESCOLA ESTADUAL PAULISTA) .........................................................
8. FOCANDO OS SUJEITOS DA PESQUISA: ESCUTA ATENTA DOS PROTAGONISTAS DO PROCESSO DE ENSINO/APRENDIZAGEM NO ENSINO DA LÍNGUA MATERNA (ALUNAS DO CURSO DE PEDAGOGIA – 3º. SEMESTRE DE 2013)...........................................................................................
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................
ANEXOS..........................................................................................................
Anexo 1. Roteiro para as entrevistas..................................................
Anexo 2. Modelo da Carta de autorização das depoentes.................

INTRODUÇÃO
“A Educação pode ajudar a nos tornarmos melhores, talvez mais felizes e assumir a dimensão poética de nossas vidas”
(EDGAR MORIN)


Educação é um conceito que admite amplas e polissêmicas definições. Todavia, não se deixa confinar por nenhuma delas – embora algumas pareçam traduzir de forma mais completa o que uma determinada sociedade espera da educação de seu tempo. Neste sentido, justifica-se uma pesquisa de conceitos da mesma no transcorrer do processo civilizatório humano na história humana.
Lembremo-nos, num primeiro momento que, etimologicamente, o vocábulo "educação" tem dupla origem latina: educere e educare. No primeiro caso, a origem estaria na palavra dux, que significa "chefe". Dessa raiz emergiu o verbo latino ducere, "levar", que gerou o termo "conduzir". A partir deste verbo, surgiriam muitas outras palavras, como producere que significa "conduzir para a frente", deducere que tem o significado de "trazer para dentro" ou, ainda,  traducere que é "levar para um outro lado". A partícula – “e - , latina, tem a conotação de  movimento de dentro para fora – que, uma vez anteposta à palavra ducere, fez surgir a palavra educação no sentido de "conduzir para fora", "dirigir exteriormente”, “colocar as ideias para fora". No segundo caso, o sentido primeiro da palavra educação, relacionado à educare, é o de "sustentar", "alimentar" e "criar".
 As duas origens etimológicas apontadas encontram eco nas diferentes formas como os educadores concebem a educação e, logicamente, a sua função. O verbo educare nos leva à concepção de educação na qual o educando é conduzido e levado por forças exteriores a ele, ou seja, no caso da educação escolar, o educando é ensinado, ‘levado’ pelo professor, 'formado' para inserir-se obediente e eficazmente nas comunidades de prática requeridas pela economia de mercado. Entretanto, a palavra educere nos faz pensar na educação como sendo um conjunto de ações por meio das quais o educando é instigado a se desenvolver a partir da busca de recursos próprios, é encorajado a encontrar e/ou criar brechas que lhe permitirão agir criticamente face à sociedade atual, frente ao que está posto. Neste trabalho, temos a pretensão de fazer um estudo tendo como pano de fundo e bússola norteadora esta segunda acepção do termo educação, pois somente neste sentido uma educação nos tempos da pós-modernidade tem sentido, e não a acepção primeira que já se mostrou defasada e não geradora de seres humanos questionadores, percucientes e críticos dentro da sociedade.
No núcleo da obra filosófica de Platão, o cerne de sua filosofia é, inquestionavelmente, a reencarnação, a qual tem efeitos profundos sobre sua concepção educacional, embora inúmeros intérpretes de sua obra prefiram seguir uma vertente mais materialista e distante de qualquer conotação espiritual. Os dois aspectos pedagógicos mais significativos de sua obra só podem ser realmente compreendidos à luz da crença nas várias existências. Para Platão, a educação deve ser direcionada à aquisição do conhecimento do Bem e da Verdade, e também que aprender é recordar (reminiscência).
Isso se torna possível, de acordo com o pensador, porque na esfera superior dos céus estão estabelecidas as Verdades Eternas, em um reino metafísico conhecido como Hiperurânio. Aí é possível encontrar as ideias e formas puras, tangíveis, eternas, inalteráveis e perfeitas.
A alma humana, ao se desligar do corpo, após a morte, tem a oportunidade de vislumbrar este universo, centro das existências passíveis de serem compreendidas; o mundo material, criado pelo divino artífice, é, portanto, apenas uma reprodução imperfeita e momentânea deste modelo ideal. Uma vez vislumbrado o verdadeiro conhecimento, o Homem guarda no íntimo de sua essência a memória desta visão,  não obstante, conscientemente, esqueça-se de tudo ao renascer.
Depois deste contato inicial com a fonte ímpar do saber, o ser humano o busca inconscientemente ao longo de sua trajetória existencial, guardando, assim, uma forte inclinação a alcançar este grau de excelência. Quando se depara, no mundo das sensações físicas, com objetos que lhe despertam a vaga lembrança das Verdades Eternas, o Homem vai aos poucos resgatando e se lembrando do conhecimento que, na verdade, nunca lhe foi roubado.
Assim, o conhecimento científico, embasado na verdade em sua face mais íntima, só é possível quando o ser recupera, em suas reminiscências, o verdadeiro saber, só apreendido quando a alma está liberta do corpo; por esta razão, Platão defende,   forma veemente, que conhecer é lembrar, e que o Homem, ao encontrar o objeto do saber, tem condições de reconhecê-lo, visto que ele já está impresso em sua alma.
O filósofo preconiza uma formação básica consistente, a qual gradualmente vai atingindo estágios mais elevados, até culminar nas pesquisas filosóficas; a esta etapa só alcançariam os seres particularmente talentosos. Platão chama esta fase de educação preparatória; nela os alunos têm condições de aprimorar harmonicamente o espírito e o corpo.
Platão acredita que o ensino deveria ser um apanágio do Estado, não das entidades privadas. Os professores seriam selecionados por Atenas e supervisionados por cidadãos revestidos de poderes judiciais, especificamente designados para atuar na esfera educacional. Ele ainda idealizava um modelo pedagógico igual para homens e mulheres até que eles completassem seis anos de idade. Daí em diante estes aprendizes seriam divididos em classes e professores distintos.
O processo educacional do cidadão, para o filósofo, teria uma duração de 50 (cinquenta) anos. Dos três (03) aos seis (06) anos, as crianças seriam formadas através de atividades lúdicas, em locais particularmente elaborados para elas. A instrução em si, porém, só teria início aos 07 (sete) anos, seguindo o que prescreve a Paideia (παιδεία)[1] grega, a qual permitia que o aluno tivesse uma formação clássica, principalmente no campo da Filosofia.
Qual a visão de Aristóteles quanto à educação? Como podemos inferir, em sua amplitude, o entendimento aristotélico de uma Paidéia? Sem desprezar as realidades e as paixões humanas, Aristóteles exprime aristocraticamente tanto sua ética como sua política. Sua filosofia, em consequência, demonstra-se razoável quando expõe, exemplarmente, o ideal grego da moderação numa moral possível de ser ensinada, embora não possa ser apreciada a rigor e em sua completude caso não seja acompanhada de uma respectiva prática. Em decorrência, tem-se, necessariamente, de reconhecer que, como resultado do contínuo desenvolvimento da atividade racional humana, o prêmio certo a ser obtido é a felicidade correspondente à vida feliz (contemplativa) do filósofo (não enquanto exclusão da ação, mas como a ação mesma, porém, em sua forma mais pura, no que o homem tem de mais divino em si mesmo, na polis-cidade).
                      Em seu livro - “Ética a Nicômaco” - , Aristóteles principia por afirmar que “toda a arte e toda indagação, assim como toda ação e todo propósito, visam a algum bem (...)” e que “(...) o bem é aquilo a que todas as coisas visam”[2]. Entretanto, os homens mais vulgares parecem equiparar o bem, ou, ainda, a felicidade, como sendo prazer. Porém, a felicidade, muito mais que qualquer outro bem, é escolhida sempre em função dela própria e não por algo mais. A felicidade é, deste modo, o fim a que visam as ações.

                      E se atividade ou ação pressupõe uma função específica, qual seria a função própria do homem? Aristóteles retruca dizendo que seria uma atividade da alma em conformidade com a excelência, por toda a vida, pois, assim como uma andorinha só não faz verão, também o exercício da razão por um curto lapso de tempo não faz um homem bem-aventurado e feliz.

                        Entrementes, para que possa haver a materialização da felicidade, faz-se necessário aprender a ser feliz. E, tal qual na arte, somente tocando-se cítara é que podem ser formados bons ou maus tocadores do instrumento, é imprescindível a figura do professor a nos ensinar a gostar e a desgostar das coisas certas, como disse Platão, para que se realize a verdadeira educação.

                         Então, sendo o homem, por sua natureza, incapaz de viver sozinho, o bem do Estado é o mais perfeito, o mais belo, o mais divino. Sendo possível, através da reunião ou o agrupamento de indivíduos bem educados na consecução de sua função específica, com aspiração a uma manifestação comunitária do que se conhece por felicidade verdadeira.

                      Aristóteles via na “pólis” (cidade) não um simples fruto de convenção artificial, mas sim o real resultado de todo um esforço educativo ou formativo do homem, enquanto indivíduo, até os limites de projeção em seu aspecto coletivo.

                        Além do mais, a felicidade da cidade depende da virtude no cerne de cada cidadão. E como cada homem pode se tornar virtuoso e bom? A esta pergunta podemos inferir do que está contido nos escritos de Aristóteles que, em primeiro lugar, deve haver uma certa disposição natural, depois, sobre esta devem agir os hábitos e os costumes, em seguida os raciocínios e os discursos. Ora, a educação age sobre o hábito e o raciocínio sendo, consequentemente, um fator de enorme importância no Estado.

                        Então, para que possam obedecer (enquanto jovens) e ter a voz de comando (quando maduros), os cidadãos deverão ser educados de modo fundamentalmente igual. O cerne deverá ser na formação de homens bons, realizando o ideal estabelecido na ética, ou seja, que o corpo viva em função da alma e que se manifeste o ideal da pura contemplação, sendo, no entanto, todos os demais que não tenham a condição de cidadãos, mas que morem na cidade, reduzidos a simples “condições necessárias” e condenados a uma vida subumana.

                       Para o Estagirita, não seria a iniciativa privada, mas sim o Estado aquele que seria o  provedor e mantenedor da educação, que haveria de iniciar pelos impulsos, pelos instintos e pelos apetites do corpo e, deste modo, chegar à educação da alma racional, assumindo deste modo, a tradicional educação atlético-musical dos gregos.

                        Podemos perceber, portanto, que Aristóteles vislumbrava nos limites da ciência política um instigante campo para reflexão sobre a educação. Isto em razão de a política passar a ser a aplicação da educação do próprio cidadão para a consecução das ideias éticas que possibilitam o advento da felicidade, tanto individual quanto coletiva. A bem da verdade, a visão de política em Aristóteles era uma amplificação de sua visão de educação: saber bem administrar a função de atividade racional da alma (individual e coletivamente), quer seja numa organização democrática, oligárquica, republicana, monárquica ou qualquer outra que, contingencialmente, viesse a se consumar.

Através do cotejo destes dois autores clássicos gregos no atinente à visão de educação, podemos verificar o quão diferentes são estas visões epistemológicas  sobre a visão do conceito educacional. Enquanto para Platão, a reminiscência, o despertar que está adormecido na pessoa, através da dialética e maiêutica deve ser o ideal da educação, ou seja, ele tem uma visão horizontal, para Aristóteles existe uma visão vertical, pois supõe um mundo progressivo (ato-potência), visto que o ser humano, através da educação pode se transformar em um grande ser, transformador do mundo e ter a felicidade em si, não dependendo do mundo das ideias preconizado por Platão. Para Aristóteles, o conceito de Aretê (ἀρετή aretê,ês, "adaptação perfeita, excelência, virtude”) se ensina, daí o papel desempenhado pela educação, que é o de orientar a alma em direção ao bem supremo. Educar para algo, ensinando-se a virtude,  que vise ao bem da sociedade. Aprende-se pelo hábito. Eis um meio termo de ouro entre as duas visões – platônica e aristotélica - sobre educação.

Na obra de cunho pedagógico, “Emílio[3] (1762), por outro lado, Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) declara que a educação é o que dá “tudo que não temos ao nascer e de que precisamos quando grandes”. É a “educação dos homens” que nos ensina a instrumentalizar e dar significado “ao desenvolvimento [promovido pela natureza] das nossas faculdades e dos nossos órgãos” (ROUSSEAU, 2004, p.8). A questão frequentemente suscitada é: onde reside a originalidade do enfoque rousseauniano em matéria de educação? As respostas são numerosas e é necessário submetê-las ao crivo da crítica. Rousseau, iniciador de uma “revolução coperniciana”, situou a criança e educando no centro do processo educacional. O livro já citado, com certeza, contribuiu fortemente, mas torna-se necessário observar que, após um longo período de indiferença, o interesse pela criança era próprio da época e até tendia a converter-se em modismo: moralistas, autoridades administrativas e médicos redobravam os argumentos para iniciar as mães a se ocuparem com a prole, começando pelo aleitamento. Rousseau participou do desenvolvimento deste “sentimento pela infância”, ao redor do qual se constituiu a família nuclear. Todavia, reagiu contra a benevolência desmedida do adulto em relação ao que tendia a se tornar o centro do mundo: se, por um lado, é necessário rejeitar a imagem da criança, fruto do pecado, por outro, não se pode divinizar seus desejos.
No período em que Rousseau escreveu “Emílio”, a literatura sobre educação já era bastante abundante. São inúmeros os livros, capítulos e artigos que lhe eram consagrados. Todos opinavam sobre o tema:  desde filósofos como Helvétius, para  quem tudo depende da educação, trate-se do homem ou do estado (De l´esprit – Do Espírito, publicada em 1758), sábios e utopistas como o abade de Saint Pierre, autor de Projet pour perfectionner l´education (Projeto para aperfeiçoar a educação); até os poetas colocavam em trovas e versos, as máximas da educação. Esse mesmo período vê florescer uma infinidade de manuais que se propõe a iniciar a criança, desde a mais tenra idade, no método experimental. No ano de 1732, por exemplo, foi inventado o escritório tipográfico, que objetivava ensinar a leitura às crianças por meio de tipos móveis que elas mesmas dispunham e formavam em compartimentos apropriados. La Chalotais (Louis-René de Caradeuc de La Chalotais: 1701 – 1785), pensador e filósofo preocupado com a educação francesa, se apressou a publicar seu Essai d´éducation nationale (Ensaio de educação nacional), no qual observa que, neste domínio, se produz uma espécie de “fermentação” no público europeu.
Muitos têm se esforçado para demonstrar o que Rousseau deve tanto a seus antecessores: Montaigne é citado doze vezes no Emílio; Locke, a quem ele critica, mas acaba por tornar patente o que lhe deve; Fénelon, e Condillac. Não é difícil encontrar nesses autores consagrados, assim como em outros que a história não distingiu – como “o sábio Claude Fleury”, (1640-1723), afortunado autor de um Traité Du choix ET de la méthode des études (Tratado da escolha e do método de estudos), publicado em 1686 e reeditado em 1753 e 1759; “o sábio Charles Rollin” (1661-1741) e seu Traité des études (Tratado dos estudos) – um grande número de ideias que anunciavam as de Rousseau. No entanto, parece indiscutível que o autor do Contrato Social e Emílio está a salvo de qualquer ecletismo. De fato, seus empréstimos são refundidos no interior de um pensamento que se apresenta sistemático e inovador: “Não é sobre as ideias dos outros que escrevo”, observa ele no prefácio de Emílio, “é sobre as minhas. Não vejo da mesma forma que os demais; faz tempo que me reprovam (...)”
A grande contribuição do gênio de Rousseau foi o de ter pensado a educação como uma nova forma de um mundo engajado, contraditoriamente em um processo histórico de deslocamento. Ao passo que seus contemporâneos mais ativos, também tocados pela “graça educacional”, ocupam-se de “fabricar a educação”; e os mestres do pensamento se esforçavam-se, por meio da educação, de remodelar o homem, tornando-o senão um humanista, um bom cristão, um cavalheiro, um bom cidadão, Rousseau deixa de lado esse conjunto de técnicas, rompendo com todos os modelos existentes e proclamando que a criança não tem que se tornar outra coisa senão aquilo que ela deve ser; “Viver é o ofício que eu quero lhe ensinar. Saindo de minhas mãos ela não será, reconheço, nem magistrado, nem soldado, nem sacerdote, antes de tudo será um homem”[4]
Mutatis mutandis, a ideia de educação, longe de dar lugar a uma nova ideologia, não cessa de arraigar-se na condição contraditória do homem. A obra rousseauniana e, sobretudo Emílio, é inegavelmente um ponto de encontro das grandes correntes e contra correntes da época, as mesmas que, de, fato, não haviam cessado de trabalhar em profundidade o pensamento ocidental, desde suas origens platônico-cristãs. Necessidade versus liberdade, coração versus razão, indivíduo versus estado, conhecimento versus experiência: cada termo destas antinomias encontra guarida no Emílio, publicado em 1762. Rousseau continua sendo um produto genuíno do Século do Aufklärung (Luzes), mas seu racionalismo coexiste, abertamente, nele, com seu adversário de sempre – aquele contra o qual Platão e Descartes erigiram seus sistemas de pensamento: o eu sensível, que afirma sua própria verdade na autenticidade de uma existência coerente consigo mesma. Deste modo, para Rousseau, o valor da educação consiste na arte de gerir os contrários, objetivando  desenvolver a liberdade autônoma.
Considere-se, a título de exemplificação desta “liberdade autônoma”, o problema da liberdade e da autoridade. Rousseau critica de início toda forma de educação fundada no princípio de uma autoridade que submeta a vontade da criança à de seu mestre. Há que deixar, então, a criança entre à sua própria vontade? Eis uma grande crítica que os detratores da visão educacional de Rousseau fazem. Como demonstra bem o desenvolvimento do herói Emílio, no livro homonímico, é preciso, ao contrário, conquistar a própria liberdade e autonomia pessoal além do encontro conflituoso com a dura realidade do mundo, com a realidade do outro, com a da sociedade.  É o momento, então, em que o educador recobra um papel decisivo, favorecendo a experiência formadora, acompanhando o infante ao longo de todo o seu itinerário de educando, pleno de provas e de emboscadas, enfim e, sobretudo, estimulando-o no momento em que se deve esforçar-se por reconstituir-se, por meio da ruptura de seu desejo. A arte do ofício do pedagogo reside em atuar de tal maneira que a vontade nunca substitua a vontade da criança.
Paulo Reglus Neves Freire (1921-1997), como herdeiro do pensamento de cunho marxista, não o materialismo histórico ou dialético, inaugurou a Pedagogia Crítica, ou melhor, a Pedagogia Libertadora, trabalhando com as classes populares para sua alfabetização. Ele sintetiza bem o pensador pós-modernista, não estático, mas em contínuo movimento. A sua teoria educacional nasce em um momento crucial, em um momento em que as Teorias Críticas da Reprodução não traziam mais perspectivas para a Educação. Contrariamente aos educadores das Teorias Críticas da Reprodução, Paulo Freire vê a educação eivada de esperança, tanto que não hesitou em chamá-la de Pedagogia da Esperança. A educação traz consigo um coeficiente muito grande de esperança. Ela pode mudar muito a realidade, dependendo de como a aplicamos e da maneira que a concebemos.
Para Paulo Freire, “Nem tudo está perdido, basta o trabalho educacional e teremos o que queremos, uma educação verdadeira que dê conta da mudança da realidade”. Entretanto, os aportes e inovações de Paulo Freire não param por aí, pois além da educação ser embasada em uma esperança, é necessário: (...) que saibamos que, sem certas qualidades ou virtudes como amorosidade, respeito aos outros, tolerância, humildade, gosto pela alegria, gosto pela vida, abertura ao novo, disponibilidade à mudança, persistência na luta, recusa aos fatalismos (...) abertura à justiça, não é possível a prática pedagógico-progressista, que não se faz apenas com ciência e técnica (FREIRE,1997,p.136)[5].

                        Para entendermos o que é a proposta educacional em Paulo Freire, dois conceitos devem ter as suas características bem compreendidas e trabalhadas. Trata-se do conceito de homem (ser humano é um devir, que busca sempre e, ao mesmo tempo, sempre insatisfeito). Essa concepção de homem, entendido como um ser que está sempre se construindo, ou no dizer mesmo de Paulo Freire, “uma busca por ser mais”, é um pensamento de oposição às convenções neoliberais, cuja valorização do consumismo como ideal de vida e a desumana busca pelos próprios objetos de consumo resultam na ideia do “ter mais” e no conceito de sociedade. Sociedade, para Paulo Freire, não é um objeto estagnado, sem mudança. Muito pelo contrário, é um processo em constante modificação e transição. Sendo composta por uma game de valores (axiologia), a sociedade está à mercê, durante sua existência, de uma possível degradação, chegando a certo ponto a sofrer um momento de transição. Vamos supor a sociedade brasileira com toda sua gama de valores, que fazem a identidade desta sociedade. Estes mesmos valores podem, aos poucos, entrar em degradação e levar à mudança. Mas, há que se deixar bem claro que esta transição de alguns valores e a consequente aquisição de outros, não implica no esquecimento daqueles, pois “(...) todo amanhã se cria num ontem, através de um hoje (...). Temos de saber o que fomos, para saber o que seremos” (FREIRE, 1982b, p. 33).[6]

                        A sociedade, por ser construída sobre uma escala de valores, é capaz da alienação das consciências através destes mesmos valores, que, como bem se sabe, nem sempre são valores, pois estes podem servir como suporte na perpetuação do status quo, com todas as suas implicações e justificações. Pergunta-se, deste modo, após esta compreensão de homem e sociedade, qual seria a ligação destes dois conceitos à educação? Ora, a resposta é simples, pois o homem, através da educação, descobre um meio para a construção de um novo status. Este novo status deve possibilitar ao homem as mesmas condições que a classe dominante lhe impossibilitou de obter. Esse é um aspecto um pouco restrito no modo de compreensão da Educação, pois o objetivo primordial da educação é levar o ser humano a se livrar das amálgamas que o impedem de desenvolver seu próprio ser. A educação, na concepção freiriana, não é uma doação ou imposição, mas uma devolução dos conteúdos coletados na própria sociedade, que depois de sistematizados e organizados, são devolvidos aos indivíduos na busca de uma construção de consciências críticas frente ao mundo. Ao se educar através da conscientização do “educando” é que Freire fundamenta a união entre a Educação e o processo de mudança social. A educação, segundo Paulo Freire, no processo de contrapor-se ao que ele denomina de “educação bancária” é, acima de tudo, problematizadora, isto é, está intimamente ligada à realidade, ao contexto social em que vivem o professor e o aluno e no qual o ato de conhecer não está dissociado daquilo que se conhece. O conhecimento está sempre dirigido para alguma coisa.

                        Deste modo, o homem, caracterizado por como sendo um ser inacabado, toma consciência do seu inacabamento e incompletude e busca, através da educação, realizar mais plenamente sua pessoalidade. A partir desta concepção torna-se tarefa essencial da educação levar o ser humano o mais próximo possível da perfeição.
 Paulo de Tarso Gomes (2009) em um artigo publicado na revista eletrônica acadêmica Scielo[7] discute e define a educação sob o complexo enfoque sociocomunitário. Como se está trabalhando o presente tema dentro deste enfoque epistemológico, necessário se torna que se ouça com atenção como ele se posiciona. Inicialmente há de se considerar o problema das divisões em educação. Isto porque existem várias nomenclaturas para as várias tendências que ela assume nestes tempos de dissolução de discursos: educação quântica, educação psicanalítica, ou contrair termos e falar em eco-educação, edutenimento, educomunicação e outros. Seria isto interessante? Não estamos com estas dicotomizações separando conceitos que não deveriam ser separados?
Vale lembrar a respeito o verbete de Hélio Japiassú sobre a interdisciplinaridade[8] que
 “corrresponde a uma nova etapa do desenvolvimento do conhecimento científico e de sua divisão epistemológica, e exigindo que as disciplinas científicas, em seu processo constante e desejável de inter-penetração, fecundem-se cada vez mais reciprocamente, a interdisciplinaridade é um método de pesquisa e de ensino suscetível de fazer com que duas ou mais disciplinas interajam entre si. Esta interação pode ir da simples comunicação das idéias até a integração mútua dos conceitos, da epistemologia, da terminologia, da metodologia, dos procedimentos, dos dados e da organização da pesquisa. Ela torna possível a complementaridade dos métodos, dos conceitos, das estruturas e dos axiomas sobre os quais se fundam as diversas práticas científicas
Tendo este conceito de interdisciplinaridade, definido por Japiassú (2001), e que se quer ligar ao conceito de educação sociocomunitária, chega-se a ele mesmo, elaborado por Tarso. Em uma primeira visão, esta educação é o estudo de uma tática pela qual a comunidade intencionalmente busca mudar algo na sociedade por meio de processos educativos. Nessa primeira visão, ao buscar essa tática a comunidade concretiza sua autonomia. Buscar mudar a sociedade significa romper com a heteronímia, caracterizada como sendo o fenômeno da utilização de diferentes nomes que correspondem a diferentes personalidades, ou, ainda, com biografias e estilos próprios, com uma visão de mundo específica, em um processo de fragmentação psicológico, com ser comunidade perenemente determinada pela sociedade.
É necessário, portanto, entender que, ao se propor o estudo da educação sociocomunitária, a proposta não é feita como hipótese de resolução de todos os problemas sociais e educativos, mas como problematização das possibilidades de emancipação de comunidades e pessoas em constituir articulações políticas, expressas em ações educativas, que provoquem transformações sociais intencionadas.
                        Em outras palavras, e também abrindo a discussão sobre os confinamentos de investigação com outras áreas de educação, dentro do conceito de interdisciplinaridade de forma mais lata, a educação sociocomunitária se propõe como o estudo de um segmento dentro da investigação em educação e não como a resolução final ou salvadora das grandes questões da educação, abrindo um campo precioso para os diálogos interdisciplinares com outros conceitos e tendências de educação. Esta proposta é muito importante, pois, como foi visto, no mundo pós-moderno, a hiperespecialização é uma constante em todos os campos epistemológicos, havendo, portanto, pouco espaço para diálogos e interpenetrações de saberes.
Já neste período em que vivemos, início do século XXI, caracterizado pelo movimento denominado pós-modernismo, a Educação pode ser definida em sua relação com a Escola do Futuro, no sentido de mover, conduzir para a  interação social. “A tarefa da Educação não é preencher um vaso vazio (educando), mas sim despertar uma chama[9]. O que se quer chamar a atenção é sobre a questão da educação pós-moderna e o multiculturalismo[10]. Em razão de o pós-modernismo ter deixado de ser um modismo pontual, mas sim que veio para fincar raízes, ele afetará, inexoravelmente, o conceito de multiculturalismo dentro da Educação que é um conceito mais palpável e tangível.
Elencando-se os elementos reveladores da pós-modernidade, pode-se encontrar a invasão da automação, da tecnologia eletrônica, e da também da informação, que acarretam certa perda de identidade nos indivíduos, ou, pior, sua desintegração. Outra característica da pós-modernidade é a crise de paradigmas, ou seja, há a falta de vetores, modelos ou referências. Assim sendo, uma educação pós-moderna, aquela dos dias atuais seria aquela que leva em conta a diversidade cultural, ou, em outras palavras, uma educação multicultural. O pós-moderno surge, exatamente, como ponto de inflexão, uma crítica à modernidade, diante da desilusão gerada por uma racionalização que empurra o mundo para a tragédia das guerras e da desumanização. Nega-se o sistema, para se afirmar o indivíduo, o diferente, o atípico.
Enquanto o homem moderno volta-se para a participação juntamente com as massas para a política, o que redundou, na maioria das vezes, em guerras e conflitos, o homem pós-moderno dedica-se ao seu dia-a-dia, ao seu aqui e agora, envolve-se com as minorias, com os pequenos problemas e causas, tendo como metas aquelas de cunho pessoais e de curto prazo. O social cimenta e solidifica o homem moderno; ao passo que o pós-moderno é atraído pelo individual, face à globalização da economia e das comunicações e da cultura.
O multiculturalismo carrega, em seu bojo, entendido como movimento histórico-social, fortes ambiguidades. A educação pós-moderna cultural não poderia deixar de ser polêmica, também. Envolvida por esse movimento, não é sua pretensão ser paralela ou alternativa à educação atual. O que se objetiva é sua transformação. Como concepção geral, pretende ser uma educação para todos, que respeite a diversidade, as minorias étnicas e linguísticas, a pluralidade de doutrinas, os direitos humanos, eliminando os estereótipos, ampliando o horizonte de conhecimentos e também de diferentes visões de mundo. 
As consequências, assim como as contribuições para a educação moderna são enormes e ainda não se chegou a um consenso sobre este assunto tão recente e polêmico (lembremos que, historicamente, desde os anos 50 do século passado se encerra, por convenção, o modernismo – 1900-1950 e que, a partir desta data, se fala em pós-modernismo). A educação moderna é crítica. Tem por colimato resgatar a unidade entre história e sujeito diluídas e perdidas durante as operações modernizadoras da desconstrução da cultura e educação.
Como consequência disto, ou seja, por ser intimamente ligada à cultura, a educação pós-moderna tem uma face multicultural e de cunho permanente. Objetiva não tanto a apropriação dos conteúdos do saber universal por si próprios, como faz o funcionalismo moderno, ou seja, o processo do conhecimento e suas finalidades.  A bem da verdade, muito antes de conhecer, o homem está interessado em conhecer. É esse o interesse fundante da educação com o que se preocupa a educação pós-moderna. O conhecimento tem um caráter de prospecção, no verdadeiro sentido da expressão de interesse em conhecer.
Ao trabalhar com o conceito de poder local, a educação pós-moderna, dentro dos pequenos grupos, valora o movimento, a imediatez, a afetividade, a relação, a intensidade, o envolvimento, a solidariedade, a autogestão, se confrontados com a educação tradicional (clássica) que, pelo contrário, valora o conteúdo, eficiência, racionalidade, métodos e técnicas, os instrumentos, em suma, objetivos e não finalidades da educação. Em síntese, poder-se-ia afirmar que a educação moderna trabalha com a palavra-chave “igualdade”, objetivando eliminar as diferenças, e a educação pós-moderna tem o conceito de equidade (busca-se a igualdade sem eliminar a diferença) como fundante. Enquanto o princípio da hegemonia ancora a educação moderna, o conceito da educação pós-moderna trabalha com o conceito de autonomia, entendido como aquela capacidade de autogoverno de cada cidadão.
Neste sentido, ela pretende encarar e equacionar o desafio de manter o perfeito equilíbrio entre a cultura local, regional, própria de um grupo social ou minoria étnica ou linguística, e uma cultural universal, patrimônio pertencente à humanidade. Ela analisa de maneira crítica os currículos monoculturais atuais e também procura formar professores com forte componente crítico, a fim de que mudem seus parâmetros e atitudes para com os alunos menos favorecidos economicamente, além das minorias culturais (entenda-se em sentido lato esta expressão como das culturas em desvantagem social e linguística), e elaborem estratégias instrucionais adequadas para a educação das camadas populares, tendo como fim último compreendê-las na totalidade de sua cultura e de sua Weltanschauung (visão de mundo).
Com o intuito de cumprir sua tarefa eminentemente humanista, a escola precisa mostrar aos alunos que existem outras culturas, outras maneiras de se exprimir linguisticamente, além da sua. A escola moderna, homogeneizadora e uniformizadora, não levou a cabo sua tarefa de construir o universal partindo do particular. Partiu da premissa de que se devem impor conteúdos e valores universais aos alunos, sem, contudo, trabalhar a partir da prática social e cultural dos mesmos, não levando em conta suas identidades e diferenças. Pode-se dizer que um dos fatores do fracasso de nosso sistema educacional reside no fato de que ele não levou em conta a diversidade cultural na construção de uma educação para TODOS.
Assim sendo, a AUTONOMIA passou a ser a palavra-chave na pedagogia pós-moderna. Todavia, essa autonomia não significa isolamento em compartimento estanque, fechamento em uma cultura particular. A tradução correta no contexto da pedagogia pós-moderna de autonomia é aquela de uma escola curiosa, ousada que busca um diálogo permanente com todas as culturas e concepções diferentes de mundo. Não se deve entender e misturar os conceitos de pluralismo com ecletismo. Pluralismo se traduz em diálogo com todas as culturas, a partir da abertura de uma para com as demais, como modos de manifestação e representação da mesma totalidade. Já o ecletismo, é um método filosófico dos que não seguem sistema algum, escolhendo e pinçando de cada um aquela parte que mais lhe apetece e que lhe parece mais próxima da verdade.
Todavia, a escola sozinha não consegue dar conta desta tarefa ingente. Sendo assim, ela necessita aliar forças a outras instituições culturais. Disto decorre a necessidade de ser autônoma. Não se consegue conceber uma escola que não seja autônoma, e, consequentemente multicultural, cumprindo sua nova função social.
Visto este momento em que se vivencia sob o signo do pós-modernismo, pode-se afirmar que se vive um dilema, nas escolas brasileiras, quer sejam elas públicas ou privadas quanto à Fala versus Escrita, ou, em outras palavras, o que se deve fazer para que o sistema escolar possa, com propriedade, ensinar a Língua Portuguesa de maneira efetiva e que faça diferença na vida do educando, lembrando-se de que o sistema educacional deve abrir acesso aos bens simbólicos que a língua veicula[11]. Dentro deste dilema, na maioria das vezes, elege-se a Escrita como sendo aquela que será majoritariamente ministrada, enfocada com toda atenção, para a obtenção do sucesso acadêmico, profissional e social do aluno, dentro do chamado português padrão, ou ainda língua padrão, ou pior, língua culta. Quanto à Fala, pouca atenção é dada, esquecendo-se de que qualquer língua surgiu primeiramente como momento de fala, de escuta e reflexão e que, só posteriormente, foi sistematizada dentro de um padrão, nas línguas grafas, através da Escrita[12].
Assim, para preparar os indivíduos para a vida em sociedade, elegeu-se a escola como instituição oficial. Cabe a ela, no que rege ao trabalho com a língua materna, desenvolver no aluno habilidades e competências para utilizar adequadamente esse patrimônio comum de sua comunidade – a língua materna. O que se esperaria é que a escola, ao adotar um viés de base científica, fizesse o trabalho de desenvolver, nos educandos, competências, sem se preocupar em substituir a variedade linguística que já tivessem adquirido, qual seja a de seu grupo social.
Cabe ressaltar que a gramática tradicional nada mais é do que uma normatização de uma concepção de um poder político, econômico e social constituído, ou em outras palavras, uma tentativa de hegemonia cultural e linguística sobre todos os grupos sociais. Assim sendo, e dentro do conceito da Educação Sociocomunitária, base da presente dissertação de Mestrado, deve-se definir o que significa este vocábulo de matizes tão polissêmicos – Educação.  Para aclarar mais a questão, deve-se falar em Educação multicultural. Senão vejamos.
A Educação multicultural, assim como a educação sociocomunitária ressignificam o conjunto de estratégias baseadas em programas curriculares que denotam a diversidade de culturas, assim como os diferentes estilos de vida, tendo como colimato promover mudanças de percepções, assim como de atitudes que possam amenizar e tornar pacífico o convívio humano e a tolerância para com o diferente, ou seja, de diferentes origens étnicas, sociais, culturais e linguísticas. Entende-se que essas diferenças e diversidades podem se materializar através de contrastes socioeconômicos, culturais, linguísticos, de cor de pele, de gênero e outros. Esse é o diferencial e, deste modo, um dos principais fatores a se levar em conta na ação da escola e dos professores. No presente trabalho, a diferença linguística entre o falar/escrever dos alunos oriundos das classes populares e o falar/escrever socialmente tido como correto será o norte de nosso multiculturalismo. Na cultura salesiana, a educação sociocomunitária pode ser definida como sendo aquela que objetiva trabalhar e operacionalizar a educação não formal e informal que são, tradicionalmente, desprezadas pela sociedade que menospreza os saberes e fazeres populares, tidos como inferiores, não pertencentes à “alta cultura”. Esses dois conceitos de educação – Multicultural e Sociocomunitária serão adotados no presente trabalho.
Neste contexto já explicitado, (conceitos de Educação que serão utilizados no trabalho assim como o respeito ao diferente falar dos educandos), procurar-se-á adotar uma didática de língua enquanto debatedora da cultura vigente, do status quo vigente, que não dialoga com outras formas de cultura, de exclusão, de desigualdade, da tão importante ESCUTA como BORDELOIS (2003)[13] preconiza.
Também procurar-se-á estudar estratégias que permitam uma reflexão sobre a própria realidade dos educandos, e “a perigosa entrada do texto para a sala de aula”, e suas consequências para o aluno, dentro das reflexões de GERALDI[14] (2006), assim como também em seu sentido transformador, segundo FREIRE (1992)[15]. Um embasamento filosófico da linguagem, dentro do contexto da concepção fenomenológica de MERLEAU-PONTY (1980)[16] será abordado também.
KRAMER (1998)[17] tece comentários e dialoga de maneira pertinente com nosso trabalho, razão pela qual nós nos embasaremos em seu estudo já citado, especialmente nas conversas entre Educação e Linguagem.
            Ora, sabe-se que a classe popular que frequenta as escolas públicas, traz, com ela, um forte componente oral da língua, ou em outras palavras, uma língua não prestigiada e estigmatizada pelo sistema político-educacional, que a tem como “língua errada”, se comparada com a variedade prestigiada e tida como o parâmetro da normalidade e culta.
                       Deve-se lembrar, também, que a Escola já tem uma política pedagógica própria para a Escrita, mas não para a Fala, visto que a fala pública é solicitada ao cidadão nas diversas situações de seu dia-a-dia, e não, necessariamente, no ambiente escolar, que prioriza a língua escrita.
                        Dentro deste contexto, desta dialética que parece não haver uma síntese – choque entre Fala versus Escrita - tendo como pano de fundo esse embasamento social e ideológico – a fala (oralidade) que representa o falar do povo, “inculto” e sem acesso aos bens simbólicos e culturais e que pode levar os alunos à depreciação de si mesmos, inculcando neles a baixa autoestima, segundo BOURDIEU op.cit. (2002), o que redunda em fracasso escolar, profissional e quiçá existencial, impõe-se trabalhar o dialeto não padrão trazido pelos alunos à escola (oralidade) sob um enfoque da corrente interacionista da Linguística (Sociolinguística), que é a nova fonte de renovação e revitalização para o ensino da língua materna, adotado por uma grande parte de teóricos e estudiosos da temática, e não mais sob o prisma prescritivo/normativo da língua. É isto que pretendemos interpretar em nosso trabalho de dissertação.
O objetivo precípuo e último do presente trabalho é o de resgatar a autoestima dos alunos no aspecto linguístico e também social através da ênfase na abordagem do multiculturalismo e da autonomia dos educandos que, falando seu patois, sua gíria, poderão interagir dentro do contexto bilingual com professores e outros alunos para atingir o domínio de outro tipo de linguagem, a normal padrão, sem abrir mão de sua história, cultura e linguagem e principalmente valores. Quanto à metodologia filosófica, elegeu-se uma abordagem de cunho poético e de investigações, reflexões acerca da real possibilidade de se fazer nascer uma pedagogia dialógica de matiz poiética, sob a linha educacional da educação sociocomunitária, a partir das linguagens – em especial a verbal e sua dimensão simbólica e poética serão adotados como método a ser usado neste trabalho, também. Deve-se frisar, também, que os conceitos de linguagem, conhecimento e sociedade, farão parte dos objetivos deste estudo, ou seja, procurar-se-á mostrar que o que, na atualidade se chama de empoderamento, é muito menor do que se objetiva compartilhar e construir com os aprendentes em nosso conceito de linguagem oral e escrita. Não basta empoderá-lo tão somente para uma situação econômico-social pontual, mas sim em um sentido mais amplo, municiá-lo para que ele possa fruir e gozar dos bens culturais difusos da sociedade pós-moderna que, não obstante estarem à sua disposição, necessitam da chave da escuta, da pedagogia dialógica, de matiz poiético para chegarem a tal fruição e gozo dos bens culturais.
                        Quanto à metodologia propriamente dita do presente trabalho, elegeu-se uma metodologia de revisão bibliográfica e de pesquisa qualitativa. A primeira será feita através de autores e teóricos que conversam com nosso trabalho e tema, especialmente dentro do contexto de um terreno banhado pelas águas claras da linguagem tida como entidade adâmica e repleta de uma simbologia cultural. Já a segunda será entendida como entrevistas pessoais e aplicação de questionários, no sentido de caráter exploratório, isto é, estimular os entrevistados a pensarem livremente sobre perguntas propostas, tendo a educação e a linguagem como referenciais, assim como mostrar aspectos subjetivos e atingir motivações não explicitas, ou mesmo conscientes, de maneira espontânea sobre como o sistema educacional, professores, colegas os motivaram a adotar uma “segunda língua” dentro do aspecto do bilinguismo e do caráter interacionista da linguagem.
                        Durante o transcorrer de 06 (seis meses), haverá um trabalho de entrevistas e questionários com professores de uma escola pública da cidade de Campinas/SP, no final deste período far-se-á uma coleta de dados significativos para uma posterior análise, junto a eles, sobre a questão da Educação e Linguagem e também das várias gramáticas que permeiam o ensino/aprendizagem da língua materna, propiciando o surgimento do bilinguismo nos alunos. Utilizar-se-ão, também, entrevistas com alunos (as) da Instituição Unisal – Campus Maria Auxiliadora, Americana/SP, através dos quais poderão externar suas experiências dentro do campo do letramento, do multiculturalismo, mostrando, deste modo, ser possível chegar a esta utopia poética de linguagem que não está tão longe de nossa realidade, visto que, se os educandos forem respeitados e tiverem voz e vez no contexto linguístico, social, político conseguirão a ascensão social, acesso aos bens culturais, assim como terão seu direito à alteridade plenamente respeitada.
O segundo capítulo tem como objetivo estudar e fazer um recorte dos conceitos de hegemonia cultural e contra-hegemonia segundo o conceito de Antonio Gramsci e como estes conceitos são ampliados dentro do contexto do pós-modernismo. Procurar-se-á investigar como a hegemonia e contra-hegemonia cultural e linguística são ocultadas em nosso sistema educacional que prima em afirmar que existe uma pseudodemocracia, mas, na verdade, o que existe é uma inculcação de um pensamento único, hegemônico para tudo e todos, tendo como fim o pensar unilateral, não se admitindo o contraditório.
Contrapondo-se a este conceito, analisar-se-á o conceito de multiculturalismo dentro da óptica de educação pós-moderna, como que ele pode contrabalançar o primeiro, dando um novo enfoque e valorando os saberes linguísticos trazidos pelos falantes das camadas populares que são partes de nossas sociedades de nossas escolas. Analisar-se-ão, deste modo, exemplos de hegemonia linguística em nível internacional e nacional para se vincar bem este fenômeno.
O terceiro capítulo trabalha com o conceito de linguagem e suas “gramáticas” no entorno educacional. O que é linguagem dentro de nosso contexto social? E na Educação? Quais são as gramáticas que subjazem ao conceito de linguagem, ou em outras palavras a diferença entre a gramática normativa e o interacionismo social linguístico? Como a Educação e a Linguagem são vistas através da história que vai ao encontro da mesma, através da óptica de Walter Benjamin; como, pela história, ela penetra na linguagem, sob a visão de Mikhail Bakhtin e, ainda, como na história, pela linguagem, ela vai ao encontro do sujeito, dentro da visão de Vygotsky. Este capítulo investigará, também, a concepção de linguagem sob o prisma de um importante filósofo que dialoga com nosso trabalho – Merleau-Ponty - a fenomenologia da linguagem.
Já o quarto capítulo investe no estudo pragmático das várias “Gramáticas” da língua oral e escrita. Primeiramente, serão estudados os documentos oficiais que embasam o ensino da língua materna (português) no ambiente escolar de uma escola pública estadual através dos PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais, doravante adotando-se a nomenclatura PCNs e se eles dão nova vitalidade à efetiva e profícua aquisição de competências e habilidades da linguagem portuguesa, com especial ênfase na língua falada, tão estigmatizada pelo sistema de ensino. Teóricos e especialistas no interacionismo linguístico terão a oportunidade de falar-nos sobre o que a moderna linguística sugere como o que pode ser implementado no campo de ensino/aprendizagem da língua materna.
Marcos Bagno, professor e Linguista da UnB (Universidade de Brasília), conhecido por sua teoria de preconceito linguístico, terá a oportunidade de tecer comentários sobre o que seja Educação Linguística, uma nova concepção que se contrapõe ao ensino normativo de língua sob o enfoque da Gramática Tradicional que predomina em nossas escolas.
Faremos, depois, no quinto capítulo, a escuta atenta e minuciosa de defensores e representantes de clássicos do ensino da gramática tradicional em nosso ambiente escolar. Serão ouvidas as argumentações de Barbosa Lima Sobrinho através de seu livro A língua portuguesa e a unidade do Brasil (1958), visto seu ideário ainda ecoar forte no embate entre o falar uma única língua, não obstante a data da publicação de sua obra. Evanildo Bechara, conhecido gramático normativista de obras do porte de “Moderna Gramática Portuguesa” e “Curso Moderno de Português” datados de 1967 e 1967 e reimpressas sucessivamente com poucas mudanças pontuais,  também terá a oportunidade de falar e defender seu ponto de vista sobre a temática. Pasquale Cipro Neto, outro normativista que se encontra no foco das atenções atualmente, tendo colunas nos principais jornais do país, também opinará sobre qual a melhor forma de ensinar a língua materna e qual a sua opinião sobre o embate entre a oralidade e língua escrita na sociedade e no ambiente escolar.
A linguagem vista sob o viés poético, de investigações, reflexões acerca da real possibilidade de se fazer nascer uma pedagogia dialógica de matiz poiética, assim como da escuta, tão descurada na atualidade sob a linha educacional da educação formal será analisado no sexto capítulo tendo como interlocutora Ivonne Bordelois, através de seu livro “A palavra ameaçada”. Algumas considerações importantes serão tecidas tomando-se por base o diálogo com essa obra.
O sétimo capítulo será dedicado a uma análise de entrevistas com professores (as) de língua materna, assim como dos questionários aplicados no ambiente escolar, com o intuito de se verificar as hipóteses elencadas no transcorrer deste trabalho. Como a linguagem de escuta e da pedagogia dialógica entra nos corredores escolares de uma escola pública estadual com o docente? Ele realmente acontece ou não? Vivemos sob o signo de oxigenação da pluralidade, do multiculturalismo nestes ambientes ou não? A GT (Gramática Tradicional) é priorizada no ensino da língua portuguesa ou a escuta, a fala é posta em relevo? O interacionismo sociológico, preconizado pelos PCNs como forma de se ensinar a língua materna está surtindo efeito? Se sim, quais as conquistas? Se não, qual seria outra alternativa?
Não se pode descurar de ouvir o outro lado do processo ensino/aprendizagem – os alunos. Neste sentido, no capítulo oitavo,  alunas do curso de ensino superior em pedagogia de uma instituição de ensino – Unisal – serão ouvidas. Como a alfabetização, ou melhor, o letramento, usando-se uma terminologia linguística mais adequada, influenciou-as? Houve uma escuta poética com o professor (a) que construiu os primeiros saberes com elas no ensino fundamental? Como essas alunas, agora no ensino superior e futuras educadoras, veem essa experiência? Os questionários serão analisados sob a óptica da alteridade e respeito linguístico.
Finalmente, no nono capítulo, tecemos nossas considerações finais sobre o trabalho realizado, eminentemente epistemológico linguístico, analisando-se as conclusões a que chegamos. Faremos um apanhado geral do exposto, aferindo a(s) respostas possíveis, a que pontos da hipótese inicial nossa pesquisa chegou. Na verdade, far-se-á uma avaliação, nestas considerações finais, da efetividade ou não desta política educacional que se pauta no interacionismo sociológico de autores nacionais e internacionais, tomando como parâmetro a pedagogia dialógica e multiculturalista.   









[1] Segundo Werner Jaeger, era o "processo de educação em sua forma verdadeira, a forma natural e genuinamente humana" na Grécia antiga.
[2] ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco (Livro I). Brasília: Editora UnB, 2000, p.17.
[3] ROUSSEAU, J.-J. Emílio ou Da educação. Tradução: Roberto Leal Ferreira. São Paulo: Martins Fontes, 2004
[4] ROUSSEAU, J..J.. Oeuvres complètes, tomo 4. Paris: Gallimard, 1969. (Bibliothèque de La Plêiade). p. 252.
[5] FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo:Editora Paz e Terra, 1997.
[6] FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez Editora, 1982.
[8] JAPIASSÚ, Hélio e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores, 2001.
[9] BENHAMIDA, Khemais. "O existencialismo de Sartre e a educação: A falta de fundamentação para as relações humanas". Educational Theory 23, pp. 230-239.
[10]  GADOTTI, Moacir. Historia das ideias pedagógicas. São Paulo:Editora Ática, 8ª.edição 2003.

[11] BOURDIEU, Pierre, A economia das trocas simbólicas, 6a. edição, São Paulo: Perspectiva, 2002.
[12] GNERRE, Maurizzio, Linguagem e Poder,3ª.edição, São Paulo:Livraria Martins Fontes Editora Ltda,1991.
[13] BORDELOIS, Ivonne,  La palabra amenazada, 1a. edição, Buenos Aires: Libros de Zorzal, 2003.
[14] GERALDI, João Wanderley. Portos de Passagem. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
[15] FREIRE, Paulo. Pedagogia da Esperança: um reencontro com a Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
[16] MERLEAU-PONTY, M. “Sobre a fenomenologia da linguagem”. In: Textos escolhidos. Tradução de Marilena de Souza Chaui. São Paulo: Abril Cultural, 1980.
[17] KRAMER, Sonia. “Por entre as pedras: arma e sonho na escola”. São Paulo: Editora Ática, 3ª. Edição, 1998.