quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

EDUCAÇÃO POPULAR E EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Vivemos sob o signo da educação pós-moderna. Nada mais natural que façamos uma reflexão de como, neste contexto, a Educação Popular se insere na busca de compartilhar novos saberes para a clientela da EJA - Educação de Jovens e Adultos, dentro do contexto do estudo da Língua Falada e Escrita. Este artigo foi escrito pelas professoras mestrandas Keila Mourana Marques Silva e Sônia Maria Souza Ferrari, assim como pelo professor mestrando Tadeu J. Giatti para apresentação no dia 04 e 05 de fevereiro de 2014 através de videoconferência na Universidade da Cataluña, Espanha.


MESTRADO EM EDUCAÇÃO
EDUCAÇÃO POPULAR E EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

ALUNOS: Keila Mourana Marques Silva
                  Sônia Maria Souza Ferrari
                  Tadeu Giatti
PROFª: Dra Valéria Oliveira de Vasconcelos

RESUMO
O trabalho é o resultado de um estudo relacionado à Educação Popular e a Educação de Jovens e Adultos, que objetivou verificar os diferentes tipos de aprendizagens apresentadas por jovens e adultos na construção de conhecimentos. O interesse em trabalhar este tema está embasado na experiência docente das autoras buscando na pesquisa de campo, elementos que pudessem identificar junto aos sujeitos da pesquisa a busca na construção de conhecimento. Questões como: quem são os educadores da EJA, que saberes trazem, como eles aprendem, quais seus desejos, expectativas e necessidades de aprendizagem contribuem para refletir, rediscutir o papel da EJA para além da escolarização -  para quem, para que  e como educamos? E indagações que direcionaram o trabalho de campo aos professores da EJA, especificamente aos da FUMEC (Fundação Municipal Para Educação Comunitária) que mesmo com diversas dificuldades enfrentadas no processo de aprendizagem, buscam a verdadeira educação e através da Educação Popular possam construir junto aos seus educandos uma educação crítica e inclusiva, conscientizando-os para um estudo contínuo, que se concretize ao longo da vida.

PALAVRAS-CHAVE: EJA, EDUCAÇÃO POPULAR, CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTOS.



ABSTRACT
This work is the result of a study related to Popular Education and Youth and Adults, which aimed to determine the different types of learning presented by young and adults in building knowledge . The interest in working on this topic is based on the teaching experience of the authors in pursuing field research , elements that could identify with the research subjects in the pursuit of knowledge construction . Questions such as : who are the educators of AYE (ADULT YOUTH EDUCATION) , which brings knowledge , how they learn , what are their desires , expectations and needs help learning to reflect , revisit the role of adult education beyond schooling - to whom, for what and how we educate? And questions that guided the fieldwork for teachers of adult education ,specifically to MFCE - FUMEC ( Municipal Foundation for Community Education ) that even with several difficulties in the learning process , seek true education and through popular education can build with their students one critical education and inclusive , making them aware to an ongoing study , which materializes lifelong time.

KEY WORDS:  ADULT YOUTH EDUCATION-KNOWLEDGE CONSTRUCTION- POPULAR EDUCATION 

INTRODUÇÃO

         O trabalho aqui apresentado tem como objetivo identificar a percepção do educador quanto à educação de jovens e adultos no processo ensino-aprendizagem.
         O que nos motivou neste trabalho foi que, com base na em nossa experiência como educadoras de adultos pudemos levantar questões que vieram colaborar com nossas inquietações quanto à aprendizagem de nossos alunos e em que a Educação Popular pode contribuir para uma educação justa e igualitária a todos.
Sendo assim, quem são os educandos da EJA, que saberes trazem como eles aprendem, quais seus desejos, expectativas e necessidades de aprendizagem? As situações de diálogo estabelecidas nos possibilitaram verificar o quanto os educadores da EJA em específico FUMEC demonstram demasiadamente um certo desconforto com relação ao desenvolvimento do processo de aprendizagem, mesmo porque o educando da EJA tem pressa, e cabe ao educador construir junto a ele novas formas de aprendizagem consequentemente, novos conhecimentos. De acordo com um dos diversos conceitos da Educação Popular, é fundamental que o sujeito seja construtor de seu próprio processo educativo.
 “ Em termos gerais, há coincidência  no sentido de conceber-se a EP  como um espaço e uma ferramenta educativa destinada a potenciar a capacidade dos grupos populares de converter-se em sujeito de seu próprio processo educativo e de seu próprio destino, fazendo da educação um instrumento a serviço de sua libertação cultural, política e social”. (TORRES, Rosa Maria, p.18,1988).
              



O QUE É (OU DEVERIA SER) A EDUCAÇÃO POPULAR?

Discurso e Prática em Educação Popular

Há uma reflexão crítica em debate em torno ao que fazer da educação popular. O que é ou deveria ser educação popular? Para Rosa Maria Torres, 1988, essa expressão se refere ao plano do discurso, verifica-se a necessidade de diferenciar entre o âmbito do real e o âmbito do ideal. Para ela não existe e nem pode existir um significado universal a expressão “Educação Popular”, pode-se definir como um processo de busca, por necessidades específicas a partir de uma perspectiva de mudança social. A autora sustenta que há consensos fundamentais em torno de umas séries de elementos, vistos como próprios da educação popular criando um sentido de pertença. O caráter político pedagógico vislumbra a educação a um instrumento que conduz a libertação cultural, política e social. O caráter transformador contribui às transformações sociais do educando e educador como sujeito desta transformação, constituindo seu projeto histórico. O caráter popular, busca a construção de um projeto político social, ou seja, sujeito proveniente das classes populares, ativo dirigente de uma organização social ajustando a realidade e necessidades dos grupos populares. O democrático, o objetivo é romper com a verticalidade e autoritarismo, com prática bancária, educar na democracia, com participação, comunicação e crítica. Processual, deve ser ordenada, sistemática, permanente e multiplicador de experiências e conhecimentos etc. Integral, buscar articulação permanente entre o geral e o particular, o local e o nacional, estabelecendo uma prática não limitada, romper com a fragmentação tradicional. O caráter sistemático, se refere à reflexão-teorização sobre a própria prática, atualização e aprofundamento permanente, ou seja, autoformação dos educandos.
Desde suas origens, a educação popular traz implicações específicas e diferenciadas. A falta de reflexão sobre a educação popular, enquanto prática pedagógica é uma carência crônica. A educação popular é entendida e assumida como uma prática política com a afirmação de que fazer educação é fazer política, onde a educação subordinou-se a política e perdeu sua própria especificidade.
Um dos traços marcantes pela educação popular é a sua qualidade crítica, problematizadora, embora não seja estimulada efetivamente. O discurso apresentado é um discurso homogêneo, pois não propicia confrontação de posições diversas, e não levanta interrogações. Segundo a autora a participação constitui num elemento chave na filosofia da educação popular, desde que não reduza a somatória dos informes grupais, ampliando possibilidades de discussão coletiva, intervindo no processo de decisão e como consequência qualificar a palavra para qualificar a participação. Assim educação popular possui um caráter permanente e sistemático, porém a falta de reflexão sobre a própria prática vem favorecendo a repetição mecânica de um modelo, sendo assim faz-se necessário refletir a própria experiência para realimentar e corrigir a prática. Contudo é preciso propor discussões e ações que tem a ver com a história dos saberes local. Logo educação popular tem feito esforços significativos para contribuir, estimular e desenvolver atitudes investigativas, porém a falta de investigação e sistematização começa pelos próprios organismos de apoio, sendo assim o que esperar dos organismos de base. A educação popular propõe a transformação das mentalidades, consciências e atitudes, construir uma nova sociedade, partir da realidade, analisar a realidade e voltar a ela para transformá-la. Para a autora a educação popular oferecida é frequentemente “desqualificada”, ou seja, do mercador ambulante, da não exigência de esforço, a formação, autoformação dos educadores populares, não é vista como prioridade, os materiais educativos são elaborados sem reflexão, ao cume de vê como “próprias” da educação popular a improvisação, a falta de qualificação, a incompetência, favorecendo a cristalização de velhos planejamentos, a falta de atualização teórica e prática.
Faz-se necessário, a busca de outros materiais, investigar e analisar, contudo submetê-lo à discussão antes de editar. Muitos programas originam-se e desenvolve-se em condições bastante precárias. O recurso da ciência e a técnica na visão dos organizadores, como saber acadêmico elitista dominante, visto que muitos educadores associam o “popular ao pobre”, bem como visões simplistas e estreitas do “popular” que precisam ser revisadas com profundidade. É imprescindível converter as carências, lamentos transformando em desafios, motivações consolidando em luta transformadora, potencializando conhecimentos e capacidades, fazendo do estudo da crítica, autocrítica, da disciplina e da auto-exigência elementos fundamentais e permanente do compromisso com os setores populares, vislumbrando efetivamente a uma educação como prática de liberdade.
Para a autora no momento em que se afirma sobre o que é educação popular dialógica, participativa, critica, integral, processual e etc, na verdade está considerando o que ela deveria ser. O projeto ideológico da educação popular, num viés de transformação social, envereda-se por uma proposta alternativa de educação de luta numa perspectiva por uma educação diferenciada. Para tanto faz-se necessário uma revisão global e profunda da formação dos agentes sociais  ligados a educação popular, não somente aos educadores populares de base, mas a todos, incluindo setores intermediários e cúpula, com formação permanente, elevando a qualidade no âmbito formais como informais.
É imprescindível que ocorra discussões, que envolva posições afins, divergentes, tendo como participantes educadores de base, organizações populares, especialistas de outros campos, com o objetivo de enriquecer e renovar o setor. Contudo valorizar e estimular a organização à reflexão crítica, conduzindo ao trabalho coletivo, que reconheça a importância da coerência entre discurso e prática em educação popular.
Educadores da EJA

A necessidade de qualificação especifica para o professor de adultos, é recorrente, ainda na atualidade, a ausência de políticas especificas para a formação inicial e em serviço do educador que atuará com esse tipo de população. A falta de atenção a essas especificidades tem levado muitos profissionais à mera transposição, para os jovens e adultos, das atividades que desempenham no ensino regular com crianças. Logo, o resultado de muitos desses trabalhos tem deixado a desejar: no lugar de potencializar as capacidades dos jovens e adultos, que muitas vezes são tratados com infantilização.
                             A formação de educadores da EJA ganha densidade teórica ao buscar uma interlocução com a filosofia e com as ciências sociais. Em filosofia, encontramos os referenciais teóricos para a explicitação dos pressupostos que fundamentam nossa concepção de educação, ou seja, a concepção de mundo marcado pelo movimento, um processo em constante construção.
Nas ciências sociais, encontramos os referenciais teóricos para buscar a compreensão da complexidade presentes na sociedade brasileira, profundamente marcada pela desigualdade social.
Como pensar em uma educação de qualidade aos educandos de EJA de forma intencional à mudança social?
Se há algumas décadas saber ler e escrever era privilégio de poucos, hoje é uma das condições para se transitar numa sociedade na qual a leitura e a escrita são mediadoras de uma enorme gama de bens e serviços produzidos socialmente. Dentre esses bens, poderíamos citar a saúde, a segurança, o trabalho, o lazer e as informações. Porém, não podemos acreditar que, de posse desse saber, o acesso aos bens citados será garantido, pois, além de saber ler e escrever deve-se lutar pela conquista de direitos que, numa sociedade excludente, ainda não estão efetivamente garantidos. Nesse sentido, discutir os significados que adultos atribuem ao processo de alfabetização pode nos auxiliar a compreender quais as necessidades e os desejos apontados por esses sujeitos.
Em que a Educação Popular pode contribuir?
Em caráter transformador: a EP se propõe a contribuir à transformação social, tendo como objetivo a construção de uma sociedade que responda aos interesses e aspirações dos setores populares. Nessa medida coloca-se como uma prática fundamentalmente transformadora e inovadora que busca incidir, tanto a nível da sociedade, em seu conjunto como a nível dos grupos e sujeitos desta transformação. Dessa maneira, a EP incorpora a dimensão da “ação” como um princípio orientador, uma prática efetiva e um objetivo de seu trabalho político-pedagógico.(TORRES, Rosa Maria. P. 18, 1988).















Educandos da EJA

A ausência da escolarização não pode e nem deve justificar uma visão preconceituosa do analfabeto ou iletrado como inculto. O educando adulto apresenta maturidade mental, é plenamente capaz de fazer reflexões e tem noção de suas condições e dificuldades. É um indivíduo que enfrenta o mundo em toda sua complexidade, o educador não pode esquecer a bagagem, experiência de vida, expectativas, possibilidades e dificuldades existentes no processo de aprendizagem. Suas experiências de vida e particularidades devem ser respeitadas porque envolvem o modo como cada um lida com os fatos da vida, que são condicionados pelas características de seu ambiente social. A tentativa de romper com a exclusão, que se manifesta não só no plano material-financeiro, transposição dos seus limites busca também um espaço de socialização, e interação afetiva. O educador de adultos precisa aprender a lidar com a imensa bagagem afetiva que alunos acumulam pelos longos anos vividos e que são trazidos para a sala de aula involuntariamente.
Paulo Freire diz em seu livro “A Pedagogia do Oprimido”(1996) que não há nada melhor para o desenvolvimento dos educandos, que o respeito aos conhecimentos com os quais o educando chega aos bancos escolares, sendo  dever do educador e mesmo da Unidade Educacional o de instigar para que esses conhecimentos sejam ampliados e até mesmo melhor entendidos em um contexto amplo.
Muitos jovens e adultos dentro da pluralidade e diversidade de regiões do país desenvolveram uma rica cultura baseado na oralidade da qual nos dão prova, entre muitos outros, a literatura de cordel, o teatro popular, o cancioneiro regional, os repentistas, as festas populares, as festas religiosas e os registros de memória das culturas afro-brasileira e indígena.
Segundo Freire em “A pedagogia do Oprimido:” No circulo de cultura, não se ensina, aprende-se; não há professor, há um coordenador, que tem por função dar informações solicitadas pelos participantes e propiciar condições favoráveis à dinâmica do grupo.
            A EJA deve ser pensada como um modelo pedagógico próprio a fim de criar situações pedagógicas e satisfazer necessidades de aprendizagem de jovens e adultos. As unidades educacionais da EJA devem promover a autonomia do jovem e adulto de modo que eles sejam sujeitos do aprender a aprender em níveis crescentes de apropriação do mundo do fazer, do conhecer, do agir e do conviver.
O maior problema não é, basicamente, o acesso, mas a permanência na escola, uma vez que, após sucessivos fracassos, o educando a abandona.
Os jovens e adultos trabalhadores lutam para superar suas condições precárias de vida (moradia, saúde, alimentação, transporte, emprego) que estão na raiz do problema do analfabetismo. O emprego, os baixos salários e as péssimas condições de vida comprometem o processo de alfabetização do jovem e adulto. 
As trajetórias sociais e escolares truncadas não significam sua paralização nos tensos processos de sua formação mental, ética, identitária, cultural, social, e politica. Quando voltam à escola, trazem esse acúmulo de formação e de aprendizagem.  O contexto cultural do educando trabalhador precisa ser a ponte entre o seu saber e o que a escola pode proporcionar, evitando assim, o desinteresse, os conflitos e a expectativa de fracasso que acabam proporcionando um alto índice de evasão. De acordo com TORRES, Rosa Maria, p. 62,1988.
A EP propõe-se contribuir para transformar a realidade social, procurando fazer a construção de uma nova sociedade que responda aos interesses dos setores populares. Propõe-se , para isso, a transformação das mentalidades, das consciências, das atitudes, das estruturas que sustentam a velha sociedade, canalizando seus esforços expressamente ao fortalecimento da organização popular.

         A EJA tem de se caracterizar com uma política afirmativa de direitos coletivos sociais, historicamente negados. Desde que EJA é EJA esses jovens e adultos são os mesmos: pobres, desempregados, na economia informal, negros, nos limites da sobrevivência. Configurar a EJA implica assumir essas identidades coletivas. Não basta a garantia do (re) gresso, é necessário garantir a permanência, que o educando se sinta parte, que reconheça seus conhecimentos e seja capaz de auxiliá-los na busca de novos. Certamente precisam de algo diferente do que aprendemos, mas com o mesmo direito ao conhecimento da sociedade em que vivem e com isso se sinta pertencente à esta sociedade e capaz de transformá-la se assim desejar.
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Construção de conhecimento na EJA

Quem são os educandos, que saberes trazem, como eles aprendem, quais os seus desejos, expectativas e necessidades de aprendizagem?
Torna-se fundamental, oferecer uma aprendizagem ao longo da vida, que possibilite às pessoas selecionar informações e utilizá-las adequadamente, é essencial para o enfrentamento do grave problema social - o desemprego. Isso se justifica pelo fato de que nos dias de hoje ninguém consegue se manter no mercado de trabalho se não ampliar os seus conhecimentos. Ao refletir o processo de aprendizagem na vida desses educandos é possível compreender o quanto é significativo para eles saber ler e escrever nesse mundo tão letrado. Mundo este, em que a presença das diversas tecnologias da comunicação e da informação, além dos enumeráveis códigos que no surgem mais variados lugares, exige dos sujeitos um pensar mais elaborado para compreendê-los bem como uma consciência crítica sobre esses instrumentos na vida humana.
Não podemos ignorar que o educador é o mediador do processo de apropriação do conhecimento. É preciso desenvolver auto-estima  desses educandos,  pois a sua “ignorância” lhe traz tensão, angústia, complexo de inferioridade. Estimular o educando a participar ativamente do processo da aprendizagem, apreciando de forma crítica o seu próprio desenvolvimento. A Educação Popular respalda esta afirmação, buscando uma educação não-discriminadora, não-seletiva, não-autoritária.
 “Uma característica fundamental é o caráter grupal  e participativo que assume o processo educativo. A educação popular pretende romper concepção tradicional de educação e suas implicâncias autoritárias. Neste sentido, a forma grupal de aprendizagem baseada na participação ativa de todos os membros é básica quando se pretende levar a cabo uma experiência de educação popular.” (TORRES, Rosa Maria. Pag 42,1988)

       Há que se considerar que o adulto não quer ser tratado como uma criança. No entanto, acredita que a educação oferecida à criança é a “verdadeira” educação. Sem dúvida que sua experiência de mundo é muito ampla, mas com relação à educação formal é limitada, cabe ao educador ampliar sua visão, seu conhecimento sobre processo de aprendizagem. TORRES em seu livro, Discurso e Prática em Educação, 1988, P. 59 afirma:

Pouco ou nada se tem avançado, por exemplo, na compreensão de como aprende o adulto e, em particular, o adulto dos setores populares. A afirmação de que são diferentes os processos de conhecimento na criança e no adulto, e a usual recomendação de não tratar a esse último “como se fosse uma criança”, são obviamente insuficientes como substitutos de uma teoria pedagógica que fundamente tais diferenças e oriente, com essa medida, a prática pedagógica.

Os educandos da EJA terão menos dificuldades se os conteúdos desenvolvidos em sala de aula forem relevantes e úteis na sua vida diária e principalmente, se houver relação entre aprendizagem e a profissão que estão exercendo ou esperam exercer.

“ Não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender.”(FREIRE, 1996,P.23)








CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste momento de reflexão em torno da produção deste trabalho vislumbramos a nossa perspectiva em como se dá na percepção do educador à construção de conhecimento de seus educandos. Torna-se necessário promover ações que favoreçam um preparo específico voltado para a Educação Popular, sendo relevante e diferenciador a prática profissional dos que atuam na EJA. Garantir o  acesso não basta, é necessário garantir a permanência, oferecer uma aprendizagem que se perpetue ao longo da vida. Percebe-se que o educando da EJA possui uma trajetória de escolarização marcada por fracassos. Essa educação não pode ser colocada como compensatória, nem como forma complementar, mas como uma verdadeira educação voltada para a transformação, na busca de novos desafios, novas aprendizagens, construindo conhecimentos a serem utilizados, analisar a realidade e voltar a ela para transformá-la, em um processo de busca, por necessidades específicas, a partir de uma perspectiva de uma mudança social.












REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

TORRES, Rosa Maria. Discurso e prática em educação popular.
Educación Popular: un encuentro com Paulo Freire. CECCA-CEDECO, Quito, 1986.
TORRES, Rosa Maria. 9 teses sobre La alfabetización alternativa: reflexiones em torno a La experiência nicaraguense. Quito, Fundación Fernando Velasco, 1933.(Cuadernos Pedagógicos, nº 3-4)
ALFARERO.Boletín de La Red de Alfabetización Popular Del Ecuador. (CEAAL), Nº 2, Quito, setembro de 1987.
BARREIRO, Júlio. Educación popular y proceso de conscientización. 10.ed, México, Siglo XXI,1985.
BRANDÃO. Carlos R. (org). A questão política da educação popular. São Paulo, Brasiliense, 1980.
NUNEZ, Carlos. Educar para transformar, transformar para educar. IMDEC, Guadalajara, 1985.
________________.Pedagogia do oprimido, Rio de Janeiro:Paz e Terra, 1987.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia, São Paulo: Paz e Terra, 1996.
BRASIL. Lei n. 9394 – 20. 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF: Imprensa Oficial, 1996.
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