MESTRADO
EM EDUCAÇÃO
EDUCAÇÃO
POPULAR E EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
ALUNOS:
Keila Mourana Marques Silva
Sônia Maria Souza Ferrari
Tadeu Giatti
PROFª:
Dra Valéria Oliveira de Vasconcelos
RESUMO
O
trabalho é o resultado de um estudo relacionado à Educação Popular e a Educação
de Jovens e Adultos, que objetivou verificar os diferentes tipos de
aprendizagens apresentadas por jovens e adultos na construção de conhecimentos.
O interesse em trabalhar este tema está embasado na experiência docente das
autoras buscando na pesquisa de campo, elementos que pudessem identificar junto
aos sujeitos da pesquisa a busca na construção de conhecimento. Questões como:
quem são os educadores da EJA, que saberes trazem, como eles aprendem, quais
seus desejos, expectativas e necessidades de aprendizagem contribuem para
refletir, rediscutir o papel da EJA para além da escolarização - para quem, para que e como educamos? E indagações que
direcionaram o trabalho de campo aos professores da EJA, especificamente aos da
FUMEC (Fundação Municipal Para Educação Comunitária) que mesmo com diversas
dificuldades enfrentadas no processo de aprendizagem, buscam a verdadeira
educação e através da Educação Popular possam construir junto aos seus
educandos uma educação crítica e inclusiva, conscientizando-os para um estudo
contínuo, que se concretize ao longo da vida.
PALAVRAS-CHAVE:
EJA, EDUCAÇÃO POPULAR, CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTOS.
ABSTRACT
This work is
the result of a study related to Popular Education and Youth and Adults, which
aimed to determine the different types of learning presented by young and
adults in building knowledge . The interest in working on this topic is based
on the teaching experience of the authors in pursuing field research , elements
that could identify with the research subjects in the pursuit of knowledge
construction . Questions such as : who are the educators of AYE (ADULT YOUTH
EDUCATION) , which brings knowledge , how they learn , what are their desires ,
expectations and needs help learning to reflect , revisit the role of adult
education beyond schooling - to whom, for what and how we educate? And
questions that guided the fieldwork for teachers of adult education
,specifically to MFCE - FUMEC ( Municipal Foundation for Community Education )
that even with several difficulties in the learning process , seek true
education and through popular education can build with their students one
critical education and inclusive , making them aware to an ongoing study ,
which materializes lifelong time.
KEY WORDS: ADULT YOUTH EDUCATION-KNOWLEDGE CONSTRUCTION-
POPULAR EDUCATION
INTRODUÇÃO
O trabalho
aqui apresentado tem como objetivo identificar a percepção do educador quanto à
educação de jovens e adultos no processo ensino-aprendizagem.
O que nos
motivou neste trabalho foi que, com base na em nossa experiência como
educadoras de adultos pudemos levantar questões que vieram colaborar com nossas
inquietações quanto à aprendizagem de nossos alunos e em que a Educação Popular
pode contribuir para uma educação justa e igualitária a todos.
Sendo assim, quem são os educandos da EJA, que saberes
trazem como eles aprendem, quais seus desejos,
expectativas e necessidades de aprendizagem? As situações de diálogo estabelecidas
nos possibilitaram verificar o quanto os educadores da EJA em específico FUMEC
demonstram demasiadamente um certo desconforto com relação ao desenvolvimento
do processo de aprendizagem, mesmo porque o educando da EJA tem pressa, e cabe
ao educador construir junto a ele novas formas de aprendizagem consequentemente,
novos conhecimentos. De acordo com um dos diversos conceitos da Educação
Popular, é fundamental que o sujeito seja construtor de seu próprio processo
educativo.
“ Em termos gerais, há
coincidência no sentido de conceber-se a
EP como um espaço e uma ferramenta
educativa destinada a potenciar a capacidade dos grupos populares de
converter-se em sujeito de seu próprio processo educativo e de seu próprio
destino, fazendo da educação um instrumento a serviço de sua libertação
cultural, política e social”. (TORRES, Rosa Maria, p.18,1988).
O
QUE É (OU DEVERIA SER) A EDUCAÇÃO POPULAR?
Discurso
e Prática em Educação Popular
Há
uma reflexão crítica em debate em torno ao que fazer da educação popular. O que
é ou deveria ser educação popular? Para Rosa Maria Torres, 1988, essa expressão
se refere ao plano do discurso, verifica-se a necessidade de diferenciar entre
o âmbito do real e o âmbito do ideal. Para ela não existe e nem pode existir um
significado universal a expressão “Educação Popular”, pode-se definir como um
processo de busca, por necessidades específicas a partir de uma perspectiva de
mudança social. A autora sustenta que há consensos fundamentais em torno de
umas séries de elementos, vistos como próprios da educação popular criando um
sentido de pertença. O caráter político pedagógico vislumbra a educação a um
instrumento que conduz a libertação cultural, política e social. O caráter
transformador contribui às transformações sociais do educando e educador como
sujeito desta transformação, constituindo seu projeto histórico. O caráter popular,
busca a construção de um projeto político social, ou seja, sujeito proveniente
das classes populares, ativo dirigente de uma organização social ajustando a
realidade e necessidades dos grupos populares. O democrático, o objetivo é
romper com a verticalidade e autoritarismo, com prática bancária, educar na
democracia, com participação, comunicação e crítica. Processual, deve ser
ordenada, sistemática, permanente e multiplicador de experiências e conhecimentos
etc. Integral, buscar articulação permanente entre o geral e o particular, o
local e o nacional, estabelecendo uma prática não limitada, romper com a
fragmentação tradicional. O caráter sistemático, se refere à
reflexão-teorização sobre a própria prática, atualização e aprofundamento
permanente, ou seja, autoformação dos educandos.
Desde
suas origens, a educação popular traz implicações específicas e diferenciadas. A
falta de reflexão sobre a educação popular, enquanto prática pedagógica é uma
carência crônica. A educação popular é entendida e assumida como uma prática
política com a afirmação de que fazer educação é fazer política, onde a
educação subordinou-se a política e perdeu sua própria especificidade.
Um
dos traços marcantes pela educação popular é a sua qualidade crítica,
problematizadora, embora não seja estimulada efetivamente. O discurso
apresentado é um discurso homogêneo, pois não propicia confrontação de posições
diversas, e não levanta interrogações. Segundo a autora a participação
constitui num elemento chave na filosofia da educação popular, desde que não
reduza a somatória dos informes grupais, ampliando possibilidades de discussão
coletiva, intervindo no processo de decisão e como consequência qualificar a
palavra para qualificar a participação. Assim educação popular possui um
caráter permanente e sistemático, porém a falta de reflexão sobre a própria
prática vem favorecendo a repetição mecânica de um modelo, sendo assim faz-se
necessário refletir a própria experiência para realimentar e corrigir a
prática. Contudo é preciso propor discussões e ações que tem a ver com a
história dos saberes local. Logo educação popular tem feito esforços
significativos para contribuir, estimular e desenvolver atitudes
investigativas, porém a falta de investigação e sistematização começa pelos
próprios organismos de apoio, sendo assim o que esperar dos organismos de base.
A educação popular propõe a transformação das mentalidades, consciências e
atitudes, construir uma nova sociedade, partir da realidade, analisar a
realidade e voltar a ela para transformá-la. Para a autora a educação popular
oferecida é frequentemente “desqualificada”, ou seja, do mercador ambulante, da
não exigência de esforço, a formação, autoformação dos educadores populares,
não é vista como prioridade, os materiais educativos são elaborados sem
reflexão, ao cume de vê como “próprias” da educação popular a improvisação, a
falta de qualificação, a incompetência, favorecendo a cristalização de velhos
planejamentos, a falta de atualização teórica e prática.
Faz-se
necessário, a busca de outros materiais, investigar e analisar, contudo
submetê-lo à discussão antes de editar. Muitos programas originam-se e
desenvolve-se em condições bastante precárias. O recurso da ciência e a técnica
na visão dos organizadores, como saber acadêmico elitista dominante, visto que
muitos educadores associam o “popular ao pobre”, bem como visões simplistas e
estreitas do “popular” que precisam ser revisadas com profundidade. É
imprescindível converter as carências, lamentos transformando em desafios,
motivações consolidando em luta transformadora, potencializando conhecimentos e
capacidades, fazendo do estudo da crítica, autocrítica, da disciplina e da
auto-exigência elementos fundamentais e permanente do compromisso com os
setores populares, vislumbrando efetivamente a uma educação como prática de
liberdade.
Para
a autora no momento em que se afirma sobre o que é educação popular dialógica,
participativa, critica, integral, processual e etc, na verdade está
considerando o que ela deveria ser. O projeto ideológico da educação popular,
num viés de transformação social, envereda-se por uma proposta alternativa de
educação de luta numa perspectiva por uma educação diferenciada. Para tanto
faz-se necessário uma revisão global e profunda da formação dos agentes
sociais ligados a educação popular, não
somente aos educadores populares de base, mas a todos, incluindo setores
intermediários e cúpula, com formação permanente, elevando a qualidade no
âmbito formais como informais.
É
imprescindível que ocorra discussões, que envolva posições afins, divergentes,
tendo como participantes educadores de base, organizações populares,
especialistas de outros campos, com o objetivo de enriquecer e renovar o setor.
Contudo valorizar e estimular a organização à reflexão crítica, conduzindo ao
trabalho coletivo, que reconheça a importância da coerência entre discurso e
prática em educação popular.
Educadores da
EJA
A necessidade de qualificação especifica para o professor
de adultos, é recorrente, ainda na atualidade, a ausência de políticas
especificas para a formação inicial e em serviço do educador que atuará com
esse tipo de população. A falta de atenção a essas especificidades tem levado
muitos profissionais à mera transposição, para os jovens e adultos, das
atividades que desempenham no ensino regular com crianças. Logo, o resultado de
muitos desses trabalhos tem deixado a desejar: no lugar de potencializar as capacidades
dos jovens e adultos, que muitas vezes são tratados com infantilização.
A formação de educadores da EJA ganha
densidade teórica ao buscar uma interlocução com a filosofia e com as ciências
sociais. Em filosofia, encontramos os referenciais teóricos para a explicitação
dos pressupostos que fundamentam nossa concepção de educação, ou seja, a
concepção de mundo marcado pelo movimento, um processo em constante construção.
Nas ciências sociais, encontramos os referenciais
teóricos para buscar a compreensão da complexidade presentes na sociedade
brasileira, profundamente marcada pela desigualdade social.
Como pensar em uma educação de qualidade aos educandos de
EJA de forma intencional à mudança social?
Se há algumas décadas saber ler e escrever era privilégio
de poucos, hoje é uma das condições para se transitar numa sociedade na qual a
leitura e a escrita são mediadoras de uma enorme gama de bens e serviços
produzidos socialmente. Dentre esses bens, poderíamos citar a saúde, a segurança,
o trabalho, o lazer e as informações. Porém, não podemos acreditar que, de
posse desse saber, o acesso aos bens citados será garantido, pois, além de
saber ler e escrever deve-se lutar pela conquista de direitos que, numa
sociedade excludente, ainda não estão efetivamente garantidos. Nesse sentido,
discutir os significados que adultos atribuem ao processo de alfabetização pode
nos auxiliar a compreender quais as necessidades e os desejos apontados por
esses sujeitos.
Em que a Educação Popular pode contribuir?
Em caráter transformador: a EP se propõe a contribuir
à transformação social, tendo como objetivo a construção de uma sociedade que
responda aos interesses e aspirações dos setores populares. Nessa medida
coloca-se como uma prática fundamentalmente transformadora e inovadora que
busca incidir, tanto a nível da sociedade, em seu conjunto como a nível dos
grupos e sujeitos desta transformação. Dessa maneira, a EP incorpora a dimensão
da “ação” como um princípio orientador, uma prática efetiva e um objetivo de
seu trabalho político-pedagógico.(TORRES, Rosa Maria. P. 18, 1988).
Educandos da
EJA
A ausência da escolarização não pode e nem deve
justificar uma visão preconceituosa do analfabeto ou iletrado como inculto. O
educando adulto apresenta maturidade mental, é plenamente capaz de fazer
reflexões e tem noção de suas condições e dificuldades. É um indivíduo que
enfrenta o mundo em toda sua complexidade, o educador não pode esquecer a
bagagem, experiência de vida, expectativas, possibilidades e dificuldades
existentes no processo de aprendizagem. Suas experiências de vida e
particularidades devem ser respeitadas porque envolvem o modo como cada um lida
com os fatos da vida, que são condicionados pelas características de seu
ambiente social. A tentativa de romper com a exclusão, que se manifesta não só
no plano material-financeiro, transposição dos seus limites busca também um
espaço de socialização, e interação afetiva. O educador de adultos precisa
aprender a lidar com a imensa bagagem afetiva que alunos acumulam pelos longos
anos vividos e que são trazidos para a sala de aula involuntariamente.
Paulo Freire diz em seu livro “A Pedagogia do
Oprimido”(1996) que não há nada melhor para o desenvolvimento dos educandos,
que o respeito aos conhecimentos com os quais o educando chega aos bancos
escolares, sendo dever do educador e
mesmo da Unidade Educacional o de instigar para que esses conhecimentos sejam
ampliados e até mesmo melhor entendidos em um contexto amplo.
Muitos jovens e adultos dentro da pluralidade e
diversidade de regiões do país desenvolveram uma rica cultura baseado na
oralidade da qual nos dão prova, entre muitos outros, a literatura de cordel, o
teatro popular, o cancioneiro regional, os repentistas, as festas populares, as
festas religiosas e os registros de memória das culturas afro-brasileira e
indígena.
Segundo Freire em “A pedagogia do Oprimido:” No circulo
de cultura, não se ensina, aprende-se; não há professor, há um coordenador, que
tem por função dar informações solicitadas pelos participantes e propiciar
condições favoráveis à dinâmica do grupo.
A EJA deve ser pensada como um modelo
pedagógico próprio a fim de criar situações pedagógicas e satisfazer
necessidades de aprendizagem de jovens e adultos. As unidades educacionais da
EJA devem promover a autonomia do jovem e adulto de modo que eles sejam
sujeitos do aprender a aprender em níveis crescentes de apropriação do mundo do
fazer, do conhecer, do agir e do conviver.
O maior problema não é, basicamente, o acesso, mas a
permanência na escola, uma vez que, após sucessivos fracassos, o educando a
abandona.
Os jovens e adultos trabalhadores lutam para superar suas
condições precárias de vida (moradia, saúde, alimentação, transporte, emprego)
que estão na raiz do problema do analfabetismo. O emprego, os baixos salários e
as péssimas condições de vida comprometem o processo de alfabetização do jovem
e adulto.
As trajetórias sociais e escolares
truncadas não significam sua paralização nos tensos processos de sua formação
mental, ética, identitária, cultural, social, e politica. Quando voltam à
escola, trazem esse acúmulo de formação e de aprendizagem. O
contexto cultural do educando trabalhador precisa ser a ponte entre o seu saber
e o que a escola pode proporcionar, evitando assim, o desinteresse, os
conflitos e a expectativa de fracasso que acabam proporcionando um alto índice
de evasão. De acordo com TORRES, Rosa Maria, p. 62,1988.
A EP propõe-se contribuir para transformar a
realidade social, procurando fazer a construção de uma nova sociedade que
responda aos interesses dos setores populares. Propõe-se , para isso, a
transformação das mentalidades, das consciências, das atitudes, das estruturas
que sustentam a velha sociedade, canalizando seus esforços expressamente ao
fortalecimento da organização popular.
A EJA tem
de se caracterizar com uma política afirmativa de direitos coletivos sociais,
historicamente negados. Desde que EJA é EJA esses jovens e adultos são os
mesmos: pobres, desempregados, na economia informal, negros, nos limites da
sobrevivência. Configurar a EJA implica assumir essas identidades coletivas.
Não basta a garantia do (re) gresso, é necessário garantir a permanência, que o
educando se sinta parte, que reconheça seus conhecimentos e seja capaz de
auxiliá-los na busca de novos. Certamente precisam de algo diferente do que
aprendemos, mas com o mesmo direito ao conhecimento da sociedade em que vivem e
com isso se sinta pertencente à esta sociedade e capaz de transformá-la se
assim desejar.
.
Construção de conhecimento na EJA
Quem
são os educandos, que saberes trazem, como eles aprendem, quais os seus
desejos, expectativas e necessidades de aprendizagem?
Torna-se fundamental, oferecer uma aprendizagem ao longo
da vida, que possibilite às pessoas selecionar informações e utilizá-las
adequadamente, é essencial para o enfrentamento do grave problema social - o
desemprego. Isso se justifica pelo fato de que nos dias de hoje ninguém
consegue se manter no mercado de trabalho se não ampliar os seus conhecimentos.
Ao refletir o processo de aprendizagem na vida desses educandos é possível
compreender o quanto é significativo para eles saber ler e escrever nesse mundo
tão letrado. Mundo este, em que a presença das diversas tecnologias da
comunicação e da informação, além dos enumeráveis códigos que no surgem mais
variados lugares, exige dos sujeitos um pensar mais elaborado para
compreendê-los bem como uma consciência crítica sobre esses instrumentos na
vida humana.
Não podemos ignorar que o educador é o mediador do
processo de apropriação do conhecimento. É preciso desenvolver auto-estima desses educandos, pois a sua “ignorância” lhe traz tensão,
angústia, complexo de inferioridade. Estimular
o educando a participar ativamente do processo da aprendizagem, apreciando de
forma crítica o seu próprio desenvolvimento. A Educação Popular respalda esta
afirmação, buscando uma educação não-discriminadora, não-seletiva, não-autoritária.
“Uma
característica fundamental é o caráter grupal
e participativo que assume o processo educativo. A educação popular
pretende romper concepção tradicional de educação e suas implicâncias
autoritárias. Neste sentido, a forma grupal de aprendizagem baseada na
participação ativa de todos os membros é básica quando se pretende levar a cabo
uma experiência de educação popular.” (TORRES, Rosa Maria. Pag 42,1988)
Há que se
considerar que o adulto não quer ser tratado como uma criança. No entanto,
acredita que a educação oferecida à criança é a “verdadeira” educação. Sem
dúvida que sua experiência de mundo é muito ampla, mas com relação à educação
formal é limitada, cabe ao educador ampliar sua visão, seu conhecimento sobre
processo de aprendizagem. TORRES em seu livro, Discurso e Prática em Educação,
1988, P. 59 afirma:
Pouco ou nada se tem avançado, por exemplo, na
compreensão de como aprende o adulto e, em particular, o adulto dos setores
populares. A afirmação de que são diferentes os processos de conhecimento na
criança e no adulto, e a usual recomendação de não tratar a esse último “como
se fosse uma criança”, são obviamente insuficientes como substitutos de uma
teoria pedagógica que fundamente tais diferenças e oriente, com essa medida, a
prática pedagógica.
Os
educandos da EJA terão menos dificuldades se os conteúdos desenvolvidos em sala
de aula forem relevantes e úteis na sua vida diária e principalmente, se houver
relação entre aprendizagem e a profissão que estão exercendo ou esperam
exercer.
“ Não há docência sem discência, as duas se explicam e
seus sujeitos apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição
de objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao
aprender.”(FREIRE, 1996,P.23)
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Neste momento de reflexão em torno da produção deste
trabalho vislumbramos a nossa perspectiva em como se dá na percepção do
educador à construção de conhecimento de seus educandos. Torna-se necessário
promover ações que favoreçam um preparo específico voltado para a Educação
Popular, sendo relevante e diferenciador a prática profissional dos que atuam
na EJA. Garantir o acesso não basta, é
necessário garantir a permanência, oferecer uma aprendizagem que se perpetue ao
longo da vida. Percebe-se que o educando da EJA possui uma trajetória de
escolarização marcada por fracassos. Essa educação não pode ser colocada como
compensatória, nem como forma complementar, mas como uma verdadeira educação
voltada para a transformação, na busca de novos desafios, novas aprendizagens,
construindo conhecimentos a serem utilizados, analisar a realidade e voltar a
ela para transformá-la, em um processo de busca, por necessidades específicas,
a partir de uma perspectiva de uma mudança social.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
TORRES, Rosa
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popular.
Educación Popular: un encuentro com Paulo Freire. CECCA-CEDECO, Quito, 1986.
TORRES, Rosa
Maria. 9 teses sobre La alfabetización
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Fundación Fernando Velasco, 1933.(Cuadernos Pedagógicos, nº 3-4)
ALFARERO.Boletín de
La Red de Alfabetización Popular Del Ecuador. (CEAAL), Nº 2, Quito,
setembro de 1987.
BARREIRO, Júlio. Educación
popular y proceso de conscientización. 10.ed, México, Siglo XXI,1985.
BRANDÃO. Carlos R. (org). A questão política da educação popular. São Paulo, Brasiliense,
1980.
NUNEZ, Carlos.
Educar para transformar, transformar para educar. IMDEC, Guadalajara, 1985.
________________.Pedagogia
do oprimido, Rio de Janeiro:Paz e Terra, 1987.
FREIRE, Paulo. Pedagogia
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BRASIL. Lei n. 9394 – 20. 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF:
Imprensa Oficial, 1996.
BRASIL. Proposta
curricular para o primeiro segmento do ensino fundamental – Educação de Jovens
e Adultos. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: 1997.
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