sexta-feira, 4 de julho de 2014

OITO SÉCULOS DE LÍNGUA PORTUGUESA





Em 27 de junho deste ano (2014), a língua portuguesa faz um aniversário redondo: 8 séculos de escrita, isto porque considera-se o seu nascimento quando há documentos comprobatórios de sua existência. Falar deste evento é muito significativo para mim, enquanto estudioso e professor da Língua Portuguesa, e não deixa de saltar aos olhos o fato de o português ter ganho registro oficial com um escrito de 800 anos CRAVADOS.

Fato simbólico, mais que histórico. Os estudiosos têm dificuldade de determinar, entre os manuscritos da Idade Média, a identidade de texto exclusivo em português, não mais híbrido do latim-galego. Talvez por isso um critério que ganha espaço seja o institucional - o momento em que o Estado português começou a utilizar a língua portuguesa, não mais o latim, em seus despachos cotidianos. Embora, entre os documentos de particulares, os mais antigos textos no idioma seja a Notícia de Fiadores (1175), de Paio Soares Romeu, a Anotação de Despesas, de Pedro Parada e o Pacto entre Gomes Dias e Ramiro Pais, considera-se que o português começou, oficialmente, a ser usado com o Testamento de D. Afonso II, de 27 de junho de 1214. Daí o aniversário e a razão deste post comemorativo a esta data.

Ana Maria Martins, estudiosa da Universidade de Lisboa, tem estudo esclarecedor, que reporto a seguir: "O primeiro século do português escrito" (http://www.clul.ul.pt/files/ana_maria_martins/Martins-PrimeiroSeculo.pdf).Antes de 1255, os documentos particulares eram as notícias e os testamentos, como a Notícia do Torto, do mesmo ano do Testamento. "Notícia" era um gênero diplomático usado para registrar fatos úteis à memória - em geral, um inventário de eventos ou itens contábeis, como lista de oficiais do exército, de queijos de um mosteiro, de fiadores, dívidas, atos jurídicos, etc.

Nessa linha, de 1175 a 1255, há 30 escritos em português. Em começo de reinado, D. Dinis generalizaria a escrita portuguesa na chancelaria régia, em 1279. Mas só nas décadas finais daquele século cresceria a produção de documentos em português.

Tendo o horizonte tomado por um dado simbólico com ares de histórico, chego a pensar no futuro deste nosso idioma, tendo como pano de fundo os estudos que estou levando a cabo no Mestrado em Educação, sob o tema - Língua Falada x Língua Escrita - suas mudanças dentro dos aspectos diacrônicos, diatópicos, diastrático e diamésico. Importante termos estes termos em mente para podermos compreendê-la melhor, como estudiosos do assunto!

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