quarta-feira, 26 de março de 2014

12 YEARS A SLAVE (12 ANOS COMO ESCRAVO)


Assisti na última semana o excelente filme 12 ANOS COMO ESCRAVO, tendo como protagonista do mesmo o ator inglês CHIWETEL EJIOFOR como o homem negro livre SOLOMON NORTHUP, residente em New York, no ano de 1848, que constituiu família, sendo toda ela livre, também. Northup era um exímio tocador de violino, meio com o qual sobrevivia em eventos sociais da sociedade livre e antiescravocrata do Norte dos U.S.A. Como o sul americano ainda praticava o sistema de cultivo plantation, necessitava desesperadamente de mão de obra barata e escrava. Através de um meio ardiloso, alguns recrutadores de mão de obra escrava, ou melhor, sequestradores de seres humanos, forjam uma situação na qual contratarão Solomon como músico em um importante evento em Washington, D.C. Convidam-no para ir até lá, onde receberia uma polpuda soma em dinheiro, que ganharia mais em alguns dias do que se trabalhasse meses a fio. Northup aceita o convite, imbuído da ingenuidade e achando que todos aceitariam, na época, negros como cidadãos livres. Dopado, quando acorda, já começa o pesadelo, pois passará por vários patrões e senhores de escravos, a maioria perversos e sádicos que o farão repensar a vida humana e a situação social do negro naquela época na sociedade americana. Vê companheiros sendo mortos, torturados das piores maneiras possíveis. Em seu último senhor de escravos, a esposa dele, achando, corretamente que o marido a trai com uma escrava (PATSEY), papel esse interpretado por Lupita Nyong'o é seviciada, torturada, sendo amarrada nua no pelourinho americano e chicoteada por Northup que se vê obrigado a ir contra seus próprios irmãos.
Gostaria de tecer alguns comentários sobre ele. Aparece uma figura de relevo e de alívio, em toda esta trama na pessoa de Bratt Pitt, que, atuando como SAMUEL BASS, um abolicionista do Norte, presta serviços a Edwin Epps (MICHAEL FASSBENDER), último proprietário "legítimo" de Solomon, ajuda o violinista a sair deste inferno, ao entregar às autoridades competentes uma carta-dossiê na qual o cidadão escravizado relata ser homem livre e estar sendo mantido escravo ilegalmente.



O filme nos mostra, em uma de suas cenas, o senhor de escravos evangelizando os mesmos, com passagens bíblicas, nas quais o uso da força e violência contra eles é plenamente justificado. Nada mais irônico do que usar passagens do livro sagrado para corroborar e justificar violência e sadismo. Deste modo, subverte-se a palavra divina, instrumentalizando-a para justificar o despotismo, violência contra o próximo. 
Outro aspecto a ser observado no filme diz respeito ao aspecto puramente econômico que se dava aos escravos. Eles eram pura mercadoria, que poderiam ser usados, abusados e jogados fora, tirante a vontade de seu senhor. Nada mais capitalista do que este pensamento selvagem. Como o sistema de produção plantation exige, mão de obra farta deve ser empregada, para dar conta de grandes produções agrícolas (cana de açúcar e algodão).
Resumindo, vale a pena assistir a este filme que ganho 03 prêmios da Academia de Hollywood em 2014. É uma lição de vida que, a exemplo do Brasil, deve ser visto com olhos transparentes e judiciosos de quanto os negros sofreram preconceito e racismo, não obstante quererem unicamente viver em paz no novo país a que foram levados forçosamente.

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